No sábado, 11 de março, por volta das oito e meia da manhã, parte do teto da Universidade Estadual do Piauí, campus Poeta Torquato Neto, veio ao chão. O desabamento aconteceu no Setor 21, onde funciona o Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA). Ninguém ficou ferido. A estrutura foi isolada e, em nota, a Uespi informou que os reparos seriam feitos antes do início das aulas, em 3 de abril.
A área atingida, onde funcionam os cursos de Educação Física e Direito, no bairro Pirajá, é conhecida entre os estudantes como “Carandiru”, justamente pela péssima estrutura. “Poderia ter acontecido uma tragédia ali”, relatou Rachel Brito, estudante do 4º bloco de Biblioteconomia da instituição. “Imagine se estivesse tendo aula ou o pessoal da limpeza estivesse trabalhando naquela hora?”, questionou. “Minha turma já assistiu aula ali”.
Na terça-feira, a diretoria da Associação dos Discentes da Uespi (ADCESP) esteve no setor destruído e constatou que a equipe destinada pela instituição para os reparos é formada por funcionários terceirizados. “Queremos saber se são pessoas que estão em condição de realizar esse trabalho, tanto em relação a função para a qual foram contratados, como pela questão da segurança”, disse Lucineide Barros em vídeo postado na conta da associação no Instagram.
O campus atingido, em Teresina, é o maior da instituição e fica ao lado da sede administrativa da Uespi. Ele foi inaugurado em 1984, mas foi erguido aproveitando a estrutura de uma antiga escola que existia no local. “Não nos entregam uma estrutura digna para estudar”, criticou Rachel. “Tem outra tragédia anunciada, que é esse teto do setor de Biologia, todo infiltrado”, disse a estudante, compartilhando um vídeo de goteiras e corredores da instituição alagados. “Toda vez que chove fica assim.”
Nas redes sociais, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) se pronunciou: “O abandono e descaso é sentido por todos da comunidade acadêmica e traz à tona o abandono por parte do Governo do Estado com a Universidade Estadual do Piauí”, disse a nota. A Associação dos Docentes da Uespi (ADCESP) também manifestou-se: “Há anos, professores e estudantes vêm denunciando a precariedade, desrespeito e sucateamento da Universidade Estadual do Piauí”, dizia a nota. “Construída de forma improvisada e mantida em condições precárias, a estrutura da universidade já não suporta mais tamanho descaso”.
Recentemente oestadodopiaui.com denunciou a estrutura deficiente da instituição, em reportagem publicada em dezembro do último ano. Em visita às instalações do campus, a repórter apontou rachaduras de quase duas décadas, e a falta de reparos no prédio que ficou fechado por quase dois anos no período da pandemia.
“As pracinhas de cada centro dão a impressão de ter menos bancos – os que restaram, estão deteriorados e quebrados. Não há portas na maioria dos banheiros, que também apresentam sanitários quebrados. A biblioteca que, mesmo antes da pandemia, funcionava em espaço improvisado em um dos auditórios, segue na mesma situação”, dizia um trecho.
#SOSUespi
Nas redes sociais, a hashtag símbolo da luta de estudantes, professores e servidores por melhorias nas condições da universidade estadual ganhou força nos últimos dias. Eles cobram investimentos e atenção das autoridades para a situação de precariedade enfrentada pela instituição.
O desabamento aconteceu poucos dias depois do governador, Rafael Fonteles, anunciar um concurso público com 160 vagas para professores e servidores da instituição, previsto para ocorrer em maio deste ano.
Em entrevista ao vivo para o Piauí TV, no mesmo sábado do desabamento, Fonteles falou que nos 12 campi da instituição há carência de infraestrutura física e tecnológica. Ele anunciou um plano de R$ 66 milhões em melhorias na instituição, montante que definiu como “o maior investimento da história da Universidade Estadual do Piauí”.
O governador também garantiu reforço ao auxílio alimentação e auxílio moradia para estudantes em vulnerabilidade social.
0 comentário