De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), somente 310 mil pessoas estavam com a carteira de trabalho assinada até maio deste ano no Piauí. Se considerarmos dados populacionais referentes ao último censo demográfico do IBGE, realizado em 2012, este número representa apenas 15,6% da população piauiense economicamente ativa – pessoas com idade entre 18 e 65 anos.
No período do levantamento, entre as áreas que mais empregaram estão agropecuária (2,58%), construção (2,5%), e comércio (0,98%). Setores que, para especialistas em economia, por si só, são insuficientes para absorver toda a população do estado. “O Piauí possui potenciais a serem explorados como as energias renováveis e o turismo. Há também outros potenciais, se tivéssemos porto para exportação, exemplificando a soja nos cerrados”, comenta Francisco Sousa, professor e economista.
A falta de vagas no mercado gera outro problema: a informalidade. A maioria dos piauienses – 65,1%, de acordo com o IBGE – atuam como trabalhadores informais. O estado tem a terceira maior taxa de informais do país. É o caso de Adriano Sousa (34), que procurou um trabalho temporário após ficar desempregado – há sete anos, fazer “bicos” ainda é a sua principal fonte de renda.
Ele atua como mototaxista sem alvará para amigos e familiares, além de vender sandálias – mensalmente recebe pouco mais de um salário mínimo. “Seria bom um emprego fixo por conta das garantias de ter um trabalho assinado na carteira”, reflete. Ele conta que há pouco tempo sofreu dois acidentes de moto, que o impossibilitaram de trabalhar por duas semanas – além de gerar prejuízos e gastos com o conserto do transporte.
Após um ano de pandemia, o país ainda enfrenta uma grande instabilidade para abertura de negócios e investimentos. Segurança que só acontecerá, nas palavras do especialista Francisco Sousa, após a vacinação: “A pandemia gerou um efeito cascata em quase todos os setores da economia, junto com a instabilidade e restrições para a retomada”, comenta. “Precisamos de uma conjuntura segura para investimentos e isso começa pela vacinação”.
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