Com muito calor e pouca chuva, se aproxima o período mais acalorado da capital: o B-R-O-Bró. O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Piauí (CBMPI) prevê aumento no número de pedidos de ajuda devido aos casos de queimadas na vegetação, seja em terreno baldio ou mata aberta.
Com batalhões em Teresina, Parnaíba, Floriano, Picos e, recentemente, Piripiri, com a possibilidade futura de implementação em outros municípios, o Corpo de Bombeiros possui 347 componentes. O número de integrantes na equipe é menor que o desejado, não sendo suficiente para as demandas solicitadas: “A gente tá bem atrás do esperado para a população piauiense”, disse a major Najra Nunes, Relações Públicas do Corpo de Bombeiros. “Estamos com deficiência de efetivo há bastante tempo, com uma quantidade não suficiente”.
Durante entrevista à TV Cidade Verde, o coronel Ronaldo Macedo disse que a seleção para novos bombeiros depende de abertura de concurso do atual governo. “O governador é sensível a essas necessidades, mas existem limitações. Tudo tem que ser analisado com cautela, para que a gente não venha a atropelar essas fases”. O último concurso na área foi em 2017 e disponibilizou 110 vagas.
Mesmo com número reduzido de integrantes, a major Najra diz que o Corpo de Bombeiros possui estrutura física e capacidade para atender as ocorrências. Ela avalia que bons equipamentos de segurança e de combate, além de mais viaturas, poderiam melhorar os procedimentos. “Todos os pedidos feitos ao Corpo de Bombeiros são solucionados, mas ainda precisamos de um efetivo mais amplo para oferecer suporte maior, como a gente deseja, para atender mais ocorrências”, diz a major.
Najra ressalta ainda que a cada ano a presença de fogo em áreas aumenta, mesmo com campanhas que alertam sobre o perigo de incêndios. “É um ciclo vicioso: o fogo aumenta o buraco na camada de ozônio, que aumenta a incidência de raios solares, refletindo na temperatura, ocasionando maior possibilidade de queimadas devido a vegetação seca”, explica.
A major alerta para os danos causados em rede de fiação, atrapalhando o fornecimento de energia e também provocando riscos de doenças respiratórias – o que passa a ser ainda mais perigoso durante uma pandemia. “A fumaça libera resíduos tóxicos, causando problemas para o trato respiratório e outros problemas como sinusite, gripe e tosse”, afirma.
O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) lançou, na última segunda-feira (12), o Painel de Monitoramento ao Risco de Incêndio. A ferramenta monitora locais com maior possibilidade de incêndio no Brasil, apresentando escala de risco de incêndio.
Os impactos das queimadas
Francisco Soares, professor da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), faz parte do programa de pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente na Universidade Federal do Piauí. Ele alerta que as queimadas atuam fortemente na redução da biodiversidade. “O fogo reduz a cobertura vegetal, mata os animais que dependem das plantas para sobreviver e ajuda a secar fontes naturais de água”, adverte.
O professor explica ainda que nossa posição geográfica e condições climáticas intensificam as consequências das queimadas – sejam elas acidentais ou provocadas. “Na nossa região semiárida, temos um inverno seco, ou seja, a gente deveria ter frio, mas não tem, por conta da posição geográfica”, descreve. “Isso gera um processo onde há umidade, deixando os locais secos e mais suscetíveis aos incêndios”.
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