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Com aumento de áreas secas, focos de queimadas seguem crescendo no Piauí

Ano promete ter os piores índices; país enfrenta problema com divulgação de dados sobre incêndio e meteorologia

20 de julho de 2021

Edição Luana Sena

O Piauí registrou aumento no número de queimadas e ocupa a 3ª colocação na região Nordeste, entre estados com maiores índices, ficando atrás apenas do Maranhão e Bahia. Os dados estão disponíveis no sistema de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e revelam que o Piauí registrou, no mês de maio, 169 focos – mais que o dobro do mês de abril, quando apenas 60 focos foram registrados. 

Os municípios da região do cerrado cerrado são os que registram maior quantidade de queimadas este ano. No ranking, o município de Baixa Grande do Ribeiro lidera, com 37 focos de queimadas e na sequência, aparecem os municípios de Uruçuí, Bom Jesus, Floriano, Jerumenha e Buriti dos Montes. 

A problemática das queimadas está apenas começando e pode ser ainda mais agravada nos próximos meses por causa da estiagem enfrentada em algumas regiões do Piauí. Vale destacar que 34 municípios tiveram decreto de emergência reconhecidos pelo Governo Federal e passaram a receber ações prioritárias para garantir o abastecimento e diminuir os impactos da seca. 

Aumento de áreas secas gera risco de queimadas

A meteorologista da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar), Sônia Feitosa, destaca que, com o aumento de áreas secas, a tendência é o aumento nas queimadas. “As chuvas estão parando e a tendência agora é essas áreas com seca se estendam. Se compararmos maio/2020 com maio/2021, este ano está pior, pois em 2019, o Sudeste estava sem seca nenhuma, devido ao período chuvoso que estava acima do normal. Este ano as chuvas estão abaixo”, afirma.

Ela também enfatiza que a baixa umidade do ar facilita a disseminação de incêndios e afirma que a situação deve se agravar mais na região Sul do Estado. “Por ser uma área continental, sem a influência de umidade, como ocorre no litoral. Neste período do ano aumenta também a incidência de ventos, o que corrobora para esse aumento no índice de queimadas”, finaliza.

Cloroquina ambiental

Não cabe mais ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) a atribuição de divulgar os dados sobre queimadas e incêndios em florestas brasileiras. O instituto vinha sendo responsável por divulgar essas e outras informações diariamente há décadas. A decisão foi anunciada pelo Governo Federal no dia 12 de junho e agora, a divulgação dos dados fica a cargo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), subordinado ao Ministério da Agricultura.

De acordo com o diretor de meteorologia do Inmet, Miguel Ivan Oliveira, a mudança aconteceu para evitar problemas de integração de dados, uma vez que dados meteorológicos já vinham de lá. “É um problema que o Brasil enfrentava há décadas, na verdade, há mais de 40 anos, a pulverização na divulgação de dados sobre incêndio e meteorologia”, disse.

A medida vem sendo criticada e vista como um retrocesso proposital na geração de informações ambientais do Brasil. “Mais uma cloroquina científica desse governo. O objetivo é calar a boca do Inpe.” reagiu em sua conta no Twitter o ex-diretor do Inpe Gilberto Câmara. 

A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também reagiu à mudança. “Bolsonaro fazendo jus ao título de governo do desmonte ambiental. Na prática, o recado é: zero transparência, esvaziar órgão de monitoramento e sinalizar que apoia aqueles que praticam ações criminosas contra as florestas”, escreveu.

Número de queimadas segue em crescimento

Enquanto o governo prossegue com a manobra de repassar ao Inmet a responsabilidade sobre os dados de queimadas no país, os números do desmatamento seguem sendo alarmantes. Vale lembrar que foram os sistemas do Inpe que apontaram, no governo Bolsonaro, as duas maiores taxas de desmatamento da Amazônia desde 2008. 

De acordo com a taxa Prodes, que mede oficialmente o desmatamento entre os meses de agosto de um ano e julho do ano seguinte, em 2019 e 2020, foram derrubados 21 mil km2 de florestas. É uma extensão equivalente ao estado de Sergipe. 

Os alertas de desmatamento do Inpe (Deter) já apontam para uma próxima taxa anual tão ruim quanto a anterior. No mês de junho deste ano a Amazônia teve 2.308 focos de calor, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe). É o maior registro de queimadas em junho desde 2007, sendo que o total foi 2,6% maior que o de junho de 2020, que já havia registrado o recorde histórico.

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Geysa Silva

Jornalista, consultora de marketing político e especial Experiência Piauí.

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