domingo, 24 de novembro de 2024

Golpes financeiros contra idosos aumentam em 60% na pandemia

Público é o preferido de criminosos por incluir vítimas com maior poder financeiro e pouca vivência digital

20 de julho de 2021

Edição Luana Sena

Desde o início da quarentena, em março do ano passado, as tentativas de golpes financeiros contra idosos aumentaram em 60%. É o que mostra levantamento feito pela Febraban – Federação Brasileira de Bancos. Entre as tentativas de fraudes e golpes mais comuns estão tentativas de ataques de phishing (e-mails com vírus ou links para sites falsos) e o golpe do falso motoboy.

Outro dado levantado pela Comissão Executiva de Prevenção a Fraudes da Federação dos Bancos mostra que, atualmente, 70% das fraudes estão vinculadas a tentativas de estelionatários em obter códigos e senhas. Mesmo com todo o investimento de bancos em segurança digital – 2 bilhões de reais somente no último ano – a maior prevenção, para especialistas, é a educação digital.

Segundo esses especialistas, idosos são vítimas preferenciais para esse tipo de crime por serem, em geral, vítimas com maior poder financeiro e com pouca vivência no ambiente digital, o que gera propensão a acreditar mais nas pessoas. “A imensa maioria desses golpes não tem nenhum trabalho técnico mais rebuscado do criminoso”, diz Anchieta Nery, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática. “Ele conta simplesmente com a ingenuidade da vítima”. 

O isolamento social, tido como uma das principais medidas de prevenção ao contágio pelo coronavírus, transferiu muitas demandas da vida cotidiana para o ambiente digital. “Todo tipo de atendimento passou para o mundo virtual – de pedir uma pizza a confirmação de recebimentos de objetos e pagamento de faturas”, comenta o delegado. “Por ser um ambiente onde a vivência do idoso costuma ser menor, ele tem certa dificuldade de reconhecer quando alguém está se passando por uma empresa, por exemplo”. 

Somente este ano, em Teresina, Anchieta acompanhou até o momento mais de 15 boletins de ocorrências referentes ao golpe do falso motoboy – tipo que teve aumento de 65% durante a pandemia. Nele, os criminosos entram em contato com as vítimas se fazendo passar pelo banco para comunicar a realização de transações suspeitas com o cartão de crédito do cliente. Mantendo a pessoa na linha, eles informam que um motoboy será enviado para recolher o cartão numa suposta tentativa de evitar fraudes. 

Há um notável crescimento em vítimas de golpes virtuais em muitos municípios do estado, mas há dificuldade em precisar os números, tanto pelo atendimento disperso quanto pelo fato de que crimes cometidos a pessoas com mais de 60 anos são atendidos na delegacia do idoso e não pela DRCI.

Para Anchieta Nery, o melhor alerta continua sendo não realizar transações bancárias nem fazer pagamento de boletos com pressa ou sem confirmar informações. “Depois que entra em prejuízo é muito difícil recuperar esse dinheiro”, comenta. “E fechar uma investigação criminal dessas pode levar de um ano a um ano e meio”. 

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Luana Sena

Jornalista, mestra e doutoranda em comunicação na Universidade Federal da Bahia.

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