domingo, 24 de novembro de 2024

Vídeo de suposto assédio infantil repercute e levanta debates sobre o tema

Psicóloga reforça necessidade de redobrar atenção e cuidado com crianças e adolescentes por ser a infância um período de vulnerabilidade

27 de julho de 2021

Um vídeo com o pastor André Vitor, divulgado nas redes sociais do cantor Wesley Safadão, tem repercutido e gerado debate e revolta nas redes sociais. Nas imagens, o religioso aparece abraçando uma criança de biquini por trás, e as mãos do pastor vão ao encontro dos seios da menor, que se desvencilha em seguida. Ao se afastar da criança, o homem aparece puxando a camiseta para baixo. Para alguns internautas, as imagens demonstram assédio infantil praticado por um adulto – o gesto com a camisa seria uma tentativa do pastor de esconder um momento de excitação após encostar na criança. Com a repercussão, o vídeo foi apagado.

Após a divulgação das imagens, o pastor afirmou para o Jornal O Dia que o gesto de puxar a camisa é é uma mania comum praticada para evitar que a barriga fique à mostra. O cantor Wesley Safadão também se pronunciou em defesa de André Vitor, afirmando que é “uma grande injustiça o que estão fazendo”. 

O caso levantou um debate sobre o assédio e o abuso sexual de crianças e adolescentes. A psicóloga e pesquisadora na área de psicologia infantil, Nadja Pinheiro, aponta que é necessário redobrar a atenção e o cuidado com crianças e adolescentes, por ser a infância um período de vulnerabilidade. “Existem alguns fatores que são necessários para que possamos minimizar a ocorrência dessas situações”, aponta. “A gente tem que ficar atento ao corpo da criança e as partes íntimas, observar mudanças comportamentais”, acrescenta Nadja. “Também precisamos orientar essa criança sobre segurança corporal de forma preventiva, orientando sobre as partes do corpo que podem ou não podem ser tocadas e estar sempre vigilante”, reforça.

O fato da criança estar de biquíni e sendo abraçada por uma pessoa mais velha gera uma mobilização geral, mas é preciso que o contexto seja avaliado. “O vídeo por si só não é um indicativo. É necessário que a gente investigue a situação. Nesse caso, os pais da criança estão presentes e monitorando, existe um fator que explica a intimidade, porque ele é considerado um tio, não dá para excluir ou incluir nada”, pontua, reforçando o cuidado que se deve ter nessas situações. 

O perfil do abusador se concentra, na maioria das vezes, em pessoas próximas a família da vítima e, geralmente, homens. “O que geralmente leva a nós, profissionais, a acionarmos um estado de alerta quando observamos movimentos que denotam uma certa intimidade”, comenta Nadja Pinheiro, observando que esse fator pode ter orientado para uma maior observação do comportamento. 

Recentemente, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) atualizou a cartilha com informações sobre abuso sexual contra crianças e adolescente. O documento traz dados nacionais sobre o tema, além de informações que buscam incentivar o registro da denúncia e sensibilizar as famílias sobre o assunto. A cartilha também aponta mitos e verdades, os métodos de abuso sexual, estatísticas e principais características, bem como o perfil de vítimas e agressores.

As denúncias de abusos e exploração sexual de crianças e adolescentes podem ser feitas por meio dos canais de comunicação:

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Categorias: Últimas

Aldenora Cavalcante

Jornalista, podcaster e mestra em comunicação pela Universidade do Porto.

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