Ciro Nogueira (PP) hoje ocupa o cargo mais importante da Esplanada dos Ministérios. Sua chegada ao Planalto forma um cenário contraditório ao que pregava Bolsonaro, que iniciou seu governo defendendo o fim da corrupção e já teve como ministro o símbolo da Operação Lava Jato, o ex-juiz Sérgio Moro – Ciro é um dos alvos da Operação Lava Jato.
O político também foi denunciado quatro vezes pela Procuradoria-Geral da República (PGR), sendo que duas delas foram rejeitadas pela Segunda Turma do STF e outras duas ainda aguardam análise. Em agosto de 2018, a denúncia que acusava o senador de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por supostamente pedir R$ 2 milhões em 2014 ao então dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, foi rejeitada porque os ministros consideraram não haver provas além da palavra do próprio executivo, em acordo de delação premiada.
Em março deste ano, uma denúncia contra o senador e outros parlamentares do PP por crime de organização criminosa foi considerada inepta por tratar de acusações já arquivadas em outros inquéritos. Em outra denúncia da PGR, o senador é acusado de tentar atrapalhar a investigação da Lava Jato, quando teria tentado comprar o silêncio de um ex-assessor.
Senador pelo estado do Piauí, após a experiência de quatro mandatos consecutivos de deputado federal, Ciro Nogueira começou cedo na carreira política. Durante sua trajetória, apoiou todos os governos desde que chegou à Brasília pela primeira vez como deputado-federal do PFL, em 1995. Esteve na base de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula (PT), Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
Mesmo crítico a Bolsonaro, tornou-se um dos seus maiores apoiadores no Congresso. Em troca, tem conseguido ampliar a presença do seu partido dentro do governo, trazer mais investimentos federais ao Piauí e, agora, ocupará um dos cargos mais importantes do governo federal. Além disso, Ciro pretende concorrer ao governo do Piauí, onde hoje é oposição ao governador petista Wellington Dias.
Ciro entra com a missão de desbloquear pautas no governo e terá outro objetivo, não menos importante: tentar ampliar o arco de alianças para a reeleição de Bolsonaro em 2022. A boa relação de Ciro com o Planalto tem rendido uma boa fatia na distribuição das chamadas “emendas do relator”, mecanismo que foi criado no Orçamento da União e reserva alguns bilhões de reais para os parlamentares destinarem a suas bases eleitorais.
De acordo com planilha divulgada pelo jornal Estado de S. Paulo, Nogueira pôde escolher a destinação de R$ 135 milhões do orçamento do Ministério do Desenvolvimento Regional somente em dezembro de 2020. “Ele precisaria de 16 anos no Senado para poder indicar tamanha quantia, se contasse apenas com as emendas individuais (de parlamentar) — a cada ano”, destacou a reportagem do jornal.
A aliança com Bolsonaro também permitiu a Nogueira aumentar sua influência no governo, onde indicou Marcelo Lopes Ponte para o comando do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). No Judiciário, ele foi padrinho da primeira indicação do presidente ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Kassio Nunes Marques, que também é do Piauí.
Progressista é o segundo partido de maior força política nos municípios
O Partido Progressistas iniciou o ano de 2021 sendo a segunda maior força política entre os municípios do país. Após eleger 685 prefeitos em 2020, a sigla figura em segundo lugar no ranking nacional, perdendo apenas para o MDB.
Com o resultado das últimas eleições, o PP ampliou sua presença no Nordeste e conquistou quase um quarto das cidades baianas, multiplicando-se pelos municípios do Piauí, Paraíba e Pernambuco. O Progressista também ganhou relevância nas bancadas municipais – é a terceira legenda com maior percentual de votos para vereadores do país. Todo esse crescimento vem sendo comemorado pelo presidente nacional do partido, o senador piauiense, Ciro Nogueira, que se tornou nos últimos dias o novo ministro da Casa Civil.
Especialistas atribuem o comando de Ciro Nogueira ao desempenho do partido nos últimos anos. O político foi eleito presidente nacional do partido em 11 de abril de 2013 e reconduzido ao cargo no dia 6 de abril de 2017. De lá até aqui, Ciro vem realizando uma gestão com foco no crescimento da sigla em todas as esferas, sendo o PP o partido que mais cresceu com a abertura da janela partidária no ano de 2016. O partido teve expressiva participação na eleição de 2018 e, em 2020, conseguiu uma nova vitória no Congresso, quando o deputado Arthur Lira (PP) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados.
O partido também está na mira do atual presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), que admitiu que o PP “passa a ser uma possibilidade” para 2022, dando a entender que poderá se filiar ao Progressistas para disputar a reeleição no próximo ano.
Nas eleições de 2020, o Progressistas elegeu 84, das 224 prefeituras piauienses, figurando em 1º lugar no ranking. Além do número expressivo de prefeitos, o partido hoje conta com dois dos três senadores, três dos dez deputados federais e 7 dos 30 deputados estaduais em exercício.
Com foco nas eleições de 2022, o partido vem convidando e filiando lideranças pelo estado, como é o caso do ex-governador Zé Filho e do ex-prefeito de Teresina, Silvio Mendes. O PP também espera receber novas adesões na ALEPI. Os nomes de Henrique Pires (MDB), Gustavo Neiva (PSB), Flávio Júnior (PDT), Marden Menezes (PSDB) e Teresa Brito (PV) são aguardados.
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