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Desaparecimento de jumentos em Barra Grande preocupa moradores da região

Protetores de animais se mobilizam nas redes sociais; animais característicos da região fazem parte da cultura nordestina

29 de julho de 2021

Os moradores de Barra Grande começaram a semana fazendo uma pergunta: Onde estão nossos jumentos? Conhecidos habitantes do vilarejo, os jumentinhos são atrações turísticas tão famosas quanto o kitesurf e o pôr-do-sol do litoral piauiense.

Os posts nas redes sociais de habitantes da vila, a 70 km de Luís Correia, viralizaram denunciando o sumiço dos animais. “Estão sendo levados sem nenhum aviso. Para onde? Por quem? Para que? Queremos nossos amigos de volta”, diziam as postagens com fotografias dos animais.

Fernanda Faustino é ativista pela causa animal e participa do projeto Barra Pet, que ajuda na castração dos animais de rua da região. Ela afirma que os jumentos estão sendo levados na madrugada por pessoas que estariam aliciando a comunidade com valores ínfimos – entre 30 a 50 reais por animal. “Não sabemos que fim eles levam: carne, pele, uso para teste de cosméticos”, suspeita. “Há indícios de que eles estão indo para cativeiros em Pernambuco”.

Ela e outros moradores recorreram à prefeitura e denunciaram ao Ministério Público a situação. “Estamos perdendo todos os animaizinhos que tinham nomes e eram cuidados por nós aqui da vila”, diz a moradora que também tem um restaurante no local. “Eles eram nossos mascotes, além de fazer parte de toda a cultura nordestina, sendo característica do nosso povo, da região”, defende.

De acordo com Fernanda, somente 15 animais permanecem na região – 8 deles ela está mantendo em sua própria casa. “Estou protegendo, tentando juntá-los por um tempo para que fiquem resguardados de perigo, mas eu sei que não posso fazer muito”.

Para Fernando Gomes, técnico ambiental do ICMBio, o litoral piauiense está enfrentando um sério problema de superlotação. “O sistema de criação desses animais é extensivo, eles ficam soltos”, comenta por telefone. “Temos tido graves acidentes nas estradas, principalmente com motociclistas.

O técnico explica que a comunidade precisa atentar-se a legislação, que não permite a criação de animais soltos, como na prática da região. “Animais domésticos precisam ser apreendidos”, observa. Ele aponta ainda a movimentação das dunas como problema resultante do pasto desses animais na cobertura vegetal nativa. “Elas estão avançando por córregos, riachos, estradas e áreas habitadas, como no município de Ilha Grande”.

Procurado, o secretário de meio ambiente do município de Cajueiro da Praia, não deu retorno a nossa reportagem. 

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Luana Sena

Jornalista, mestra e doutoranda em comunicação na Universidade Federal da Bahia.

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