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Efeitos da pandemia podem afetar salários por nove anos

As complicações da pandemia no mercado de trabalho serão mais intensas para os servidores menos qualificados e sem ensino superior

02 de agosto de 2021

A pandemia do coronavírus gerou impactos na economia: aumento no desemprego, na informalidade e diminuição da renda. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil teve 14,8 milhões de desempregados no primeiro trimestre de 2021. Essa é a pior taxa desde 2012.  O momento pode deixar cicatrizes para além do período pandêmico.

Com efeitos na taxa de empregos e pagamento salarial, segundo o relatório “Emprego em crise: trajetória para melhores empregos na América Latina pós-covid-19”, do Banco Mundial, o atual contexto pode afetar durante 9 anos os salários dos trabalhadores médios. Em conexão com o relato, o rendimento médio do país, por exemplo, vem caindo desde o terceiro trimestre de 2020, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE.

O relatório do Banco Mundial aponta que as complicações da pandemia no mercado de trabalho serão mais intensas para os servidores menos qualificados e sem ensino superior – pessoas que pertencem à população em idade ativa, de 14 anos ou mais, com qualificação até o ensino médio, isso no contexto brasileiro. De modo geral, são pessoas com algum grau de instrução, mas sem especialização de trabalho.

“Fomos de uma crise econômica para uma crise social”, aponta o professor e economista Juliano Vargas sobre o atual momento. A taxa de desemprego no país chegou a 14,7% no primeiro semestre deste ano, de acordo com o IBGE. Para ele, o Piauí, que possui grande parte do seu desenvolvimento focado na prestação de serviços, precisará investir em programas de qualificação para que essa população possa se inserir no mercado, principalmente jovens e o público com menor escolaridade, para reverter este contexto.

Sem essa medida, trabalhos precarizados, de baixa remuneração, sob condições difíceis, serão mais frequentes para os trabalhadores. O economista diz que o estado, enquanto instituição da sociedade, deve se atentar para isso, usando também medidas mais diretas como a transferência de renda para manter quantidade mínima de recursos para a subsistência dessas pessoas.

A crise econômica gerada pela pandemia da Covid-19 ressalta a importância de renovar instrumentos de proteção, segundo o relatório do Banco Mundial. Para Juliano, como aconteceu no mundo todo, é esperado que localmente o Piauí aplique recursos diretamente no bolso das pessoas e programas de manutenção dos empregos, para micro e pequenas empresas. “Não será algo passageiro. Não devemos ter a ilusão de que em 1 ou 3 meses as coisas irão normalizar”, finaliza.

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Joseph Oliveira

Graduando em jornalismo na Universidade Federal do Piauí.

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