Há dez dias, atletas de todas as nacionalidades disputam, entre diversos esportes e suas modalidades, o maior evento multiesportivo do mundo: as Olimpíadas. Em Tóquio, no Japão, a visibilidade dos participantes contrasta com as suas reais condições. No Brasil, o Piauí é um dos dois estados da região Nordeste com menor número de representantes.
O piauiense Josimar Sousa iniciou sua relação com o esporte aos 15 anos, praticando futebol, futsal, basquete e vôlei. Hoje, passou de atleta a treinador de atletismo. Para ele, o estado é cheio de talentos, mas não recebe o reconhecimento que merece. “O que falta é um grande projeto de esporte e assistência, podendo começar nas escolas, a nível estadual”, avalia.
O projeto de esporte citado por Josimar corresponde a um suporte que assegure e incentive o bem estar e avanço de atletas, além de colaborar com o contato entre pessoas ainda jovens e o esporte. É a compreensão do incentivo como uma política pública.
“É quase um milagre termos atletas do Piauí nas Olimpíadas”, diz Josimar, ao lembrar do único atleta do Piauí no evento esportivo em Tóquio, Kawan Pereira, nos saltos ornamentais. Para ele, o estado não dá assistência ao esporte profissional como, também, ao amadorismo, que costuma ser a principal via de contato com o meio: “Sem lei de incentivo, hoje, existe um apoio pontual, mas não consistente vindo do estado”.
Segundo dados divulgados pelo Globo Esporte, o Nordeste é a terceira região do país com maior número de representantes (45), atrás do Sul (47) e Sudeste (190). Há outros atletas nascidos no Piauí na disputa: João Henrique Falcão, do atletismo, mas representando o estado do Maranhão, e Adriana Silva, do futebol, que foi impossibilitada de disputar após uma lesão no joelho.
A primeira participação de um piauiense em uma olimpíada foi no ano de 1996, em Atlanta, com o lateral direito Zé Maria, de Oeiras, que colaborou para medalha de bronze do time brasileiro de futebol.
Sobre as muitas dificuldades que o esporte no Piauí enfrenta, Josimar afirma que quem se ocupa, hoje, em garantir o exercício da atividade são projetos sociais, mantidos por profissionais da área ou por pessoas sensíveis à causa. “Nossos técnicos, por exemplo, são mantidos por iniciativas assim, pois não temos um projeto de bolsa atleta ou bolsa técnico”, comenta.
Celso Henrique, atual diretor de desporto da Fundação de Esporte do Piauí, a Fundespi, reconhece que o estado precisa avançar na dimensão do esporte, uma vez que as medidas atuais estão mais ligadas às estruturas físicas, como quadras e campos de futebol ou materiais esportivos. “Precisamos estar presentes”, afirma. “Nem todas as demandas nós podemos atender, mas as ações tentam contemplar todas as dimensões”.
A pouca presença de atletas piauienses nos jogos é um termômetro da atenção dada pelo estado. O Piauí não possui uma política pública de assistência, mas, segundo Celso, há uma meta: criar uma lei de incentivo ao esporte, em colaboração com a atual gestão do estado e as lideranças das modalidades esportivas, prevista para o fim deste ano.
A lei deverá incentivar a parceria público-privada, na qual empresários terão o investimento no setor refletido no desconto de seus impostos, prefeituras e classe empresarial. “Quando a lei for concretizada e a gente começar a trabalhar, nós vamos contemplar a área esportiva de maneira mais eficaz”, enfatiza.
0 comentário