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Acesso à uma educação de qualidade ainda é um desafio para a juventude

Evasão escolar, desemprego entre jovens e saúde mental são fatores alarmantes para o futuro dos jovens

18 de agosto de 2021

420 milhões de pessoas seriam retiradas da pobreza se tivessem acesso a uma educação secundária, o que reduziria em mais da metade o número de pobres em todo o mundo, segundo o Atlas da Juventude. “Se os adultos tivessem apenas mais dois anos de escolaridade, 60 milhões de pessoas seriam retiradas da pobreza”, mostra o levantamento.

Este e outros dados, que apontam possíveis soluções para o futuro da juventude no país, estão presentes no Atlas da Juventude, que mostra os principais desafios enfrentados pelos jovens na atualidade e revela como cada jovem tem o potencial de oferecer uma contribuição única para a vida comunitária.

O levantamento mostra ainda que o acesso a uma educação de qualidade permite aos jovens explorar conhecimentos sobre diferentes áreas e ampliar a sua visão sobre si mesmos e a sociedade em que se inserem. “Um processo educativo de qualidade é também o ponto de partida para que eles identifiquem os seus interesses, ampliem seus horizontes e desenvolvam as capacidades para contribuir à melhora social”, diz a publicação.

No capítulo ‘Juventudes e Educação’, o Atlas traz uma reflexão sobre o futuro da juventude e aponta soluções que podem ser decisivas na transformação dos jovens. A publicação destaca, por exemplo, que um ano a mais de escolaridade pode aumentar de 10 a 20% os rendimentos de mulheres, dado que pouca gente conhece. Outro ponto citado é que a cada ano somado à escolaridade reduz em torno de 20% o risco de envolvimento em conflito armado.

 

Taxa de desemprego entre os jovens é a maior da história

A pandemia ocasionou o aumento na evasão escolar. Outros fatores também contribuíram para esse dado. O presidente da coordenação nacional da juventude e organizador do Atlas das Juventudes,  Marcus Barão, destaca três deles como mais alarmantes.

De acordo com ele, o acesso à aprendizagem se tornou o grande desafio para os jovens, já que no contexto da pandemia, os dados da evasão escolar somam um grande prejuízo à juventude. “Constatamos que a perda de renda ao longo da vida da juventude está entre os fatores que atrapalham. É uma situação preocupante. Já tínhamos em 2019 uma taxa de desemprego entre os jovens, que era 24% e em 2020 passou para 30%. Essa não é apenas uma taxa alta, mas a taxa mais alta da série histórica”, destaca.

Marcus também revelou que, após monitoramento desses dados, constatou-se que os jovens passaram a reclamar das dificuldades com o ensino remoto. “Essa e outras situações ocasionam a evasão dos estudos e a falta de uma política nacional olhando para a educação durante a pandemia”, frisa.

Para ele, um terceiro fator tem haver com a saúde mental dos jovens. “A gente vê com muita preocupação esse aumento nos problemas com a saúde mental dos jovens. Isso tem impacto direto na capacidade produtiva e na sociedade. Precisamos pensar em um plano de retomada para a juventude do brasil, pensando no fortalecimento da participação social juvenil”, finaliza.

 

No Piauí, educação e oportunidades de emprego são desafios da juventude 

No Piauí, a juventude também enfrenta diversos desafios. O desemprego e a dificuldade no acesso à educação figuram com protagonismo do estado. Com relação a taxa de desemprego entre jovens, em 2019, antes da pandemia, a média local, 26,4%,  já superava a nacional, que era de 23%, de acordo com o IBGE. Em 2020, a taxa subiu e alcançou 30,7%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD).

A dificuldade no acesso à educação também ficou mais evidente durante a pandemia, quando a falta de estrutura e a dificuldade no acesso à internet deixou muitos alunos sem estudar no estado.

A jornalista, que também é membro do Conselho Estadual da Juventude, Isadora Cortez classifica, como sendo mais urgente no Piauí, medidas que possibilitem a conclusão dos estudos e o ingresso à universidade. “Vivemos um momento difícil, pois o desemprego e a falta de oportunidades batem à nossa porta diariamente. Temos dois desafios centrais, primeiro a necessidade do investimento em educação. É preciso criar maneiras de fazer com que os jovens consigam concluir os estudos, fazerem o ENEM e chegarem à universidade”, frisa. 

Para o presidente da União da Juventude Socialista, Rodrigo Maxwel, além das dificuldades com acesso à educação, a juventude enfrenta dificuldades com relação ao desemprego. A falta de emprego, sobretudo, vem causando a uberização do trabalho. O jovem, sem oportunidades, tende a se tornar um entregador, motorista do aplicativo e além disso, faço o alerta sobre a falta de acesso à cultura e ao lazer que é fundamental na formação do jovem na sociedade”, pontua.

 

Investimentos em Educação abrem caminhos para a juventude

A importância dos investimentos no desenvolvimento de adolescentes e jovens é tema de inúmeras pesquisas, que reforçam, principalmente, o acesso à educação de qualidade como meio para promover um futuro de possibilidades, entre elas a pesquisa “Juventudes, Educação e Projeto de Vida”, feita pela Fundação Roberto Marinho e que teve o objetivo de entender os sonhos e projetos de vida e o que pensam sobre a educação os jovens do país.

A pesquisa ouviu jovens da classe C, D, E, que representam 80% dos alunos das escolas públicas no Brasil e, terminar os estudos é o principal sonho de 59,5% dos respondentes. O desinteresse pela escola e problemas pessoais e de saúde foram alguns dos motivos citados para considerarem abandonar a escola. 45,6% dos que já interromperam os estudos afirmaram não obter apoio da escola no enfrentamento de desafios na vida pessoal.

“Os últimos tempos têm exigido dos formuladores de políticas públicas, dos professores, educadores e alunos uma compreensão mais alargada do que é a estrutura e de quais são os propósitos da educação em si”, cita o jovem Breno Souza Araújo.

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Geysa Silva

Jornalista, consultora de marketing político e especial Experiência Piauí.

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