O envelhecimento, enquanto etapa da vida, na concepção de muitos, ainda é visto como um período de incapacidade, seja de ordem física ou mental, o que torna os idosos improdutivos no campo econômico e social, por isso falar sobre sexualidade na terceira idade ainda é um grande tabu.
De acordo com o sexólogo, Victor Passos a sociedade ainda se limita a achar que a sexualidade é algo reservado ao corpo jovem, e que os “nossos pais não fazem sexo”. Para ele, talvez essa seja a questão a ser desfiada em primeiro lugar: a recuperação dos direitos de sexualidade de todos/as. “A aceitação é fundamental para que o medo, a insegurança e o preconceito deem lugar ao direito de cada um/a”, diz.
A fase da velhice por um longo tempo era percebida como um momento de “assexualidade” do desenvolvimento humano. Um dos motivos eram as modificações que ocorrem no processo de envelhecimento biológico, que direcionaram boa parte da população idosa a não ter uma vida sexual ativa. Para o sexólogo, a sexualidade é algo diverso. Uma dança, uma boa música compartilhada, um vinho, um momento vivido podem ter um valor sexual muito relevante. “Haverá uma limitação fisiológica para tais explorações”, afirma. “Mas felizmente, a indústria tem diversos produtos para facilitar tais momentos”, pondera Victor.
Em pesquisa desenvolvida na Escócia as pessoas mais velhas que se mantêm ativas sexualmente têm melhor qualidade de vida, são mais sociáveis e possuem boa saúde psicológica. Apesar da qualidade de vida na terceira idade ser muito importante, poucas pesquisas estudam a função do sexo como dinâmica de atividade física e social dos idosos, afirma o estudo.
Grande parte da sociedade ainda enxerga o momento após 60 anos como uma rotina voltada à exclusão social e à dedicação exclusiva ao ambiente doméstico e familiar. No entanto, alguns idosos estão superando preconceitos e descobrindo novas relações.
É o caso de Ana*, uma idosa de 63 anos, que conta que enfrentou preconceitos até mesmo na família ao longo da vida e hoje vive um novo relacionamento. A idosa conheceu seu namorado em um clube de dança, na zona sul de Teresina, “Dançamos muito, foi amor à primeira vista”, conta.
Questionada sobre sua sexualidade, Ana diz que vai ao ginecologista regularmente e que conversa muito sobre o assunto com a médica. A idosa explica ainda que a sexualidade está no beijo, no abraço e até mesmo na dança. “A médica me ensinou que a sexualidade não está só no ato de fazer sexo”, comenta.
*nome alterado para preservar a identidade da fonte.
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