A 2º Marcha Nacional das Mulheres Indígenas acontece desde o dia 7 de setembro e reúne indígenas de todo o território brasileiros que estão acampados em Brasília (DF). O movimento este ano leva o slogan “Mulheres originárias: Reflorestando mentes para a cura da Terra” e volta os debates para os crimes ambientais que estão acontecendo no país, bem como para os ataques de direitos desses povos.
Entre as etnias que estão acompanhando o evento, pelo menos 12 são piauienses, segundo Mercês Alves Akroá Gamela, da comunidade dos indígenas Gamelas e integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Ao todo, três etnias que vivem no estado estarão presentes até o fim do ato que deve acontecer até o dia 11 de setembro: Gueguê do Sangue, Akroá Gamela e Caboclas da Baixa Funda.
Para Delzenir Pereira dos Santos, presidente da Associação dos Povos Indígenas Guegue de Uruçuí, que está no evento, a marcha não é apenas uma discussão restrita aos povos indígenas, mas se expande para todos os brasileiros. “Estamos participando de perto pelos nossos direitos à liberdade”, garante a piauiense.
Entre as pautas levadas pelas mulheres indígenas do Piauí para Brasília (DF), experimentadas por outros estados e que se conectam à discussão deste ano, está a expansão do agronegócio que fez com que os territórios indígenas piauienses tivessem perdas significativas que impactam diretamente a relação dos povos com a identidade do lugar onde as famílias poderiam ter sua espiritualidade respeitada, sua caça e seus equipamentos.
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A relação do indígena com o território e sua importância pode ser percebida através o comunicado oficial da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) sobre a Marcha: “Estamos em busca da garantia de nossos territórios, das que nos antecederam, para as presentes e futuras gerações, defendendo o meio ambiente, este bem comum que garante nossos modos de vida enquanto humanidade. Para além de mero recurso físico é igualmente morada dos espíritos das florestas, dos animais e das águas da vida com um todo, fonte de nossos conhecimentos ancestrais”.
O evento também chama a atenção para o julgamento sobre a tese de demarcações no Supremo Tribunal Federal (STF), o Marco Temporal. A indígena Mercês Alves, observa a tese com preocupação. Para ela, os impactos gerados pelo Marco Temporal no Piauí não será diferente dos demais estados. “Muitos indígenas saíram de seu território originário para escapar de massacres e conflitos”, comenta.
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O Marco Temporal prevê que a reivindicação de território dos povos originários deve acontecer com base apenas em terras em que os indígenas estivessem estabelecidos até a promulgação da Constituição de 1988. Uma narrativa criada pela bancada ruralista que tem utilizado dados falsos e auxílio da mídia para consolidar esses ideais. “Como vamos dizer sim para o Marco Temporal se onde as pessoas têm seus vínculos, seu território, onde estão suas raízes, criaram os seus filhos e enterraram seus parentes?”, questiona Mercês.
O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que era previsto para acontecer hoje (08/09) sobre o Marco Temporal, foi novamente adiado e ainda não tem nova data marcada.
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