A caminho de completar dois anos de pandemia da Covid-19 no Brasil, o relaxamento com as medidas de segurança para conter a circulação do vírus afrouxaram. Em passeios públicos e até em locais fechados, pessoas circulam tranquilamente sem o uso de máscaras – o único recurso assegurado de proteção para o contágio pelo vírus.
Para José Messias, de 53 anos, a pandemia ainda não acabou. Mesmo tendo recebido as duas doses da vacina contra a Covid-19, o microempreendedor não abre mão do uso da proteção facial. Na casa da sua mãe, de 75 anos, que já tomou a terceira dose de reforço da vacina, a máscara também se faz presente. “Chegamos a um período em que cada pessoa perdeu ou conhece alguém que perdeu um ente querido”, comenta. “Usar a máscara é questão de empatia, respeito e cuidado com o próximo”.
No início do mês de outubro, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgou à CNN que cerca de 98% das cidades brasileiras decidiram manter, por hora, a obrigatoriedade do uso de máscaras. O número, apesar de positivo, ainda não impede que a população por si só deixe de usar a proteção em espaços públicos.
Apesar da máscara ser um objeto relativamente barato e eficaz, o valor e a falta de informação são um dos fatores que vem fazendo a população abandonar a proteção. “É preciso que haja estratégias por parte dos governos para reforçar que a máscara é um dos maiores símbolos de cuidado e autocuidado”, ressalta o pesquisador e doutor em biomedicina Emídio Matos. “É necessário que avance com a vacinação rapidamente para se pensar na possibilidade de retirar a máscara de circulação”, pontua.
No Piauí, os últimos boletins epidemiológicos apontam que a taxa de transmissão da doença está atingindo 23%. Entretanto, um território de saúde seguro o suficiente para que as pessoas deixem de usar máscara deve estar abaixo de 5%, segundo apontam os estudos de Emídio.
Para o pesquisador, a retirada da máscara é uma decisão precipitada. A questão já foi vivenciada em outros países, como Israel, que apesar do avanço na campanha de imunização, retomou o uso obrigatório da máscara após os aumentos dos casos de Covid-19 vividos pelo relaxamento das medidas de segurança.
“Quanto mais reaberturas de serviços, maior o risco. Esse relaxamento nas medidas também provoca o relaxamento dos cuidados pessoais”, destaca o professor. “É necessário a vigilância e proteção individual. A máscara protege contra a infecção, não podemos deixar de repetir isso”, finaliza Emídio.
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