domingo, 24 de novembro de 2024

“É possível entrarmos num cenário ruim em 2022”, diz infectologista

Expoapi - “evento teste” do governo - tem aglomerações e desrespeito aos protocolos de segurança

10 de dezembro de 2021

Edição Luana Sena

Quando chegou na entrada da 70° Edição da Feira Agropecuária do Piauí (Expoapi), realizada neste domingo (5), Maria Rita Araújo estendeu o cartão com duas doses de vacina. Entretanto, quase não recebeu atenção da equipe que controlava a recepção de pessoas no espaço – apesar da divulgação do evento revelar a exigência do comprovante vacinal.  Ela e todas as pessoas que chegavam na entrada passavam sem dificuldades para um show que reuniu mais de 25 mil pessoas apenas no primeiro dia. 

O Governo do Estado informou que o evento será um “teste” para que outros, com grande concentração de pessoas, possam ser realizados. A exposição, que conta com shows musicais, leilões e concursos de animais, tem a previsão de movimentar cerca de R$ 40 milhões em negócios com os pecuaristas. 

No início deste mês, o Governo publicou um novo decreto dispondo sobre as medidas sanitárias que devem ser adotadas até o dia 2 de janeiro de 2022 para todo o estado. O decreto mantém a obrigatoriedade do uso de máscara, limitação do horário de funcionamento de bares e restaurantes e a proibição de eventos, confraternizações e atividades que possam gerar aglomeração – mas dá permissão para um maior número de pessoas em ambientes abertos, desde que seja respeitada a capacidade de 50% do local.  

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No caso da Expoapi, o evento garantia que o uso de máscara e não aglomeração seria uma das exigências do “evento teste”. Mas não foi o que as imagens e as testemunhas relataram. “Todo mundo sem máscara, sem fiscalização”, ressalta Maria Rita. “Inclusive, até os funcionários estavam sem máscara e também sem ninguém para restringir”, contou à reportagem.

Para o infectologista Nayro Ferreira, o momento não é de evento de nenhum porte – seja pequeno, médio e grande. Ele explica que os protocolos surgem como uma forma de liberar atividades sociais, entretanto, tem baixo resultado porque praticamente não há fiscalização – seja por equipes responsáveis como por parte da própria população negligente.

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Além disso, os protocolos não garantem que, dentro desses eventos, as pessoas vão ser barradas por infringir as determinações – isso porque, o que os eventos precisam é que haja pessoas circulando para o consumo. “Ninguém é impedido de entrar porque esqueceu o cartão de vacinação”, frisa. “A Covid-19 não faz diferenciação de quem tá dentro de uma piscina, na mesa de bar ou na Expoapi”, comenta Nayro.

O especialista reforça que o número de mortes está ascendente e isso preocupa os índices para o próximo ano. Nas últimas 24h, segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Piauí (Sesapi), seis pessoas foram vítimas da doença. “O vírus só precisa do nosso mau comportamento para circular e contaminar as pessoas”, frisa. “Sem adoção responsável das medidas, infelizmente, é possível entrarmos em um cenário ruim em 2022”, destaca. 

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