domingo, 24 de novembro de 2024

Apenas sete cidades piauienses têm atividades culturais acima do esperado

Quantitativo não chega a 5% do estado; proporção de filiais de empresas do setor cultural no Piauí é a menor do país

15 de dezembro de 2021

Edição Luana Sena

Dos 224 municípios piauienses, apenas sete registraram atividades culturais maiores que o esperado. Foi o que apontaram os dados do Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC), divulgados na última quinta-feira (8) pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O quantitativo revela que apenas 3,1% do Piauí possui atividade considerável para gerar empregos e dinamicidade no circuito cultural.

As cidades são: Teresina, Picos, Floriano, Parnaíba, São Raimundo Nonato, Oeiras e Pedro II. Em comum, os sete municípios possuem a característica de uma correlação entre a quantidade de trabalhadores formais na área e o número de deslocamento para os municípios. A pesquisa constatou ainda que, nas cidades onde há mais pessoas empregadas em atividades culturais, há uma tendência maior de visitantes em busca de atrações. 

 

 

Nos dados, Pedro II e São Raimundo Nonato se sobressaíram por apresentarem dimensões culturais específicas. Ou seja, a quantidade de grupos artísticos e os números de eventos ou ações culturais promovidas nesses municípios elevam a evidência no circuito cultural das cidades.

Segundo o SIIC, cerca de 26 cidades envolvendo Piauí e Bahia, tem São Raimundo Nonato como referência em atrações culturais – em especial, por grupos artísticos de arte digital, artes visuais, artesanato, banda, bloco carnavalesco, capoeira, cineclube, coral, dança, gastronomia, grupos de teatro, manifestação tradicional popular, moda, musical e orquestra. Essa variedade foi observada em apenas 4,6% dos municípios brasileiros.

Em contrapartida, Pedro II é referência em atividades culturais para a população de 21 municípios entre Piauí e Ceará. Atrações culturais como festival de cinema, turismo cultural com divulgação, apresentação musical, feira de livro, desfile de carnaval, evento cultural e festas, celebrações e manifestações tradicionais populares são as principais exibidas na cidade. Em todo o Brasil, apenas 5% das cidades apresentam atividades desse caráter.  

 

Na corda bamba

Carlos Vinícius quase não para em Teresina. Sua rotina, há mais de 15 anos, é vivendo entre as cidades do Piauí, Maranhão e Ceará para poder realizar os espetáculos da Trupe do Sardinha – ele faz parte dos 41,2% trabalhadores do setor cultural que vivem de forma informal no Piauí – o índice superou a média brasileira, que alcançou 38,8%.

 

 

Uma das grandes dificuldades, conta o palhaço Sardinha, é a falta de percepção das pessoas sobre a própria arte. “A gente percebe pela própria estrutura dada a alguns formatos de arte e outras, não”, avalia o artista. “Arte circense, por exemplo, e as artes urbanas, são vistas como artes menores, sem estrutura e pouco interesse”, destaca.

De acordo com os indicadores culturais, a proporção de filiais de empresas no setor cultural do Piauí é a menor do Brasil – o índice chega a 4,3. Porém, a projeção segue escala nacional desde 2009. Com exceção do Ceará, que saiu de 5,1% para 6,3%, todos os estados apresentaram redução nos últimos dez anos. 

No que tange a proporção de trabalhadores assalariados empregados no setor cultural, o país apresentou queda. Entretanto, o Piauí aumentou o percentual. Enquanto o país reduziu de 3,5% para 3,3%, o estado teve um tímido aumento de 0,2% – passando de 1,8% para 2% no mesmo período.

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