Em áudio que circulou pelas redes sociais nos últimos dias, o prefeito de Porto, no Piauí, Dó Bacelar, refere-se de forma ofensiva à atual prefeita do município de Cocal de Telha. Para criticar os prefeitos de São José do Peixe e Currais – que trocaram a oposição por partidos da base do Governo, PT e MDB, respectivamente – ele diz “Foi ela que elegeu essa ‘cachorra’”.
Karyne Aragão, conhecida como Karyne do Rodrigão, lamentou a situação em suas redes sociais. “Venho a público repudiar a forma ofensiva, machista e anti democrática a qual prefeito de Porto (PI), Dó Bacelar, teria se referido a minha pessoa”, disse a gestora. Ela ressaltou ainda que a ação do prefeito foi ofensiva e misógina, e que recebeu o aúdio exatamente no dia em que se comemora a Conquista do Voto Feminino no Brasil. “Traz à luz a forma como muitos homens veem as mulheres”, alegou.
A violência política de gênero foi tema de debate na ONU Mulheres ano passado. Em relatório feito pela organização, destaca-se que, a violência política contra as mulheres é um problema de direitos humanos que atinge as democracias e impede o progresso em direção à igualdade efetiva e, portanto, ao desenvolvimento humano sustentável.
“Trata-se de um problema latente em nível mundial, que repercute na dinâmica democrática em termos de gênero e se manifesta diariamente, embora com mais intensidade durante os processos eleitorais, no exercício da cidadania política das mulheres”, diz o relatório.
Para a Relatora Especial da ONU Dubravka Šimonović, a violência eleitoral que as mulheres tendem a sofrer é diferente da que os homens sofrem. Isso acontece por motivos como a dimensão de gênero das violações; a natureza sexual da violência; e o isolamento social e ataques à integridade moral das mulheres. As mulheres são mais propensas do que os homens a sofrer assédio sexual e/ou difamação sexualizada, que foi o caso da prefeita de Cocal de Telha.
Em janeiro deste ano, uma lei foi sancionada pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT), lei de nº 7.717, que cria o Programa Estadual de Enfrentamento ao Assédio e à Violência Política contra a Mulher. O programa será responsável por dispor sobre mecanismos de prevenção, cuidados e responsabilização contra atos individuais ou coletivos de assédio ou qualquer outra forma de violência política contra mulheres.
A lei, que é de autoria da deputada Teresa Britto (PV), foi publicada no Diário Oficial do Estado. O objetivo é eliminar atos, comportamentos e manifestações individuais ou coletivas de violência política e perseguição, que, direta ou indiretamente, afetam as mulheres no exercício de atividade parlamentar e de funções públicas, além de assegurar o exercício dos direitos políticos das mulheres filiadas, candidatas, eleitas ou nomeadas.
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