Larissa Rocha levantou no mesmo horário que costumeiramente acorda para ir ao trabalho. Após arrumar-se, pegou o celular para pedir um carro por aplicativo, que a leva e traz do trabalho todos os dias. Apertou o botão “confirmar UberX”. Um, dois, cinco, dez minutos, e nada. De repente, o app a notificou: “No momento, o UberX não está disponível”. E foi assim que começou a longa saga para conseguir uma corrida e chegar ao seu destino.
A confeiteira, que trabalha em um restaurante na zona Leste de Teresina, relata que essa situação tem ocorrido com frequência, principalmente após a greve no transporte coletivo e o aumento da gasolina. “No começo eu pagava cinco, seis reais”, comenta. “Atualmente, o preço das corridas disparou para 10, 20 reais”, diz. “Não tenho escolha: falta ônibus e o número de motoristas por aplicativo só diminui”, lamenta.
Larissa acrescenta que a reclamação não vem só de usuários mas também dos motoristas por aplicativos – eles reclamam do aumento do combustível e do pouco retorno financeiro que estão tendo para conseguir se manter circulando e tirar das corridas o sustento da família. “Colegas do meu trabalho também já desistiram do emprego porque não têm condições de pagar todos os dias um transporte por aplicativo e não tem ônibus”, relata. “Teresina está um caos”.
100% da frota parada
No 9º dia da greve no transporte coletivo em Teresina, 100% da frota continua sem circular na cidade. A informação foi confirmada na manhã desta terça-feira (29) pelo superintendente da Strans (Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito), Cláudio Pessoa, em entrevista a uma TV local.
“Temos apresentado diretamente à Procuradoria Geral do Município os relatórios que atestam o descumprimento da determinação da circulação de 80% da frota por parte do Sintetro”, informou na TV. “Além disso, temos lavrado uma infração para as empresas que descumprem as ordens de serviço expedidas pela Strans”, completou Cláudio Pessoa. O monitoramento da frota é feito através de GPS.
Uma reunião foi realizada na tarde de ontem (28), onde a desembargadora Liana Chaib, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), tentou um novo acordo entre motoristas de ônibus e empresários para pôr fim à greve no transporte coletivo da capital.
Na semana passada, o Tribunal já havia tentado um acordo entre o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut) e o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários (Sintetro), fato que não se concretizou.
“Tivemos um avanço importante nesta segunda reunião, com a disponibilidade do secretário de Finanças para conversar e trazer algumas propostas”, comentou a desembargadora. “Um acordo que talvez passe pela assinatura de uma convenção coletiva e um aceno do município para um repasse”, completou.
A confeiteira Larissa Rocha lamenta a situação que vem ocorrendo em Teresina e se diz insatisfeita com a atual gestão da capital. “Disseram que iam colocar a casa em ordem, mas a verdade é que, enquanto isso não se resolve, só quem se prejudica somos nós”, desabafa.
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