O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou o Monitoramento dos Focos Ativos no Piauí ao longo de 2022. De acordo com os dados, o estado ocupa o 2º lugar no ranking nacional de focos de incêndio detectados na primeira metade de outubro. O mês – que ainda não acabou – é o que teve mais queimadas até agora: 3.488 ao todo, até a última quinta (20).
O climatologista Werton Costa explica que a elevação da temperatura – do fim de maio até o fim de julho – favoreceu a perda de água por parte da vegetação e do solo, aumentando, assim, seu potencial de inflamabilidade.
Apesar do período chuvoso no estado ter sido relativamente satisfatório, a transição para o período seco apresentou um aumento significativo das temperaturas, de acordo com o especialista. “Em setembro, a temperatura oscilava entre um grau ou até dois graus acima da média”, compara. “Neste mês, ultrapassou dois graus acima da média”, conclui. Além das temperaturas altas, o ar também está mais seco.
Além disso, é importante observar que a maior parte da vegetação no estado é rasteira (formada por gramíneas, arbustos etc.) e, uma vez ressecada, forma um combustível que pode facilmente entrar em combustão – pegar fogo. Por isso a explosão dos focos de incêndio em outubro: os números registrados na primeira metade do mês apresentam um aumento de 3.418 focos de incêndio em comparação a janeiro. O total de queimadas é 49 vezes maior que no início do ano.
Os incêndios detectados pelo Inpe estão concentrados nas regiões sul e oeste do Piauí. A maior parte se originou no território de Baixa Grande do Ribeiro, onde foram identificados 189 focos de incêndio neste mês. No país, foi a quarta cidade com mais queimadas.
Historicamente, o Piauí registra mais incêndios nos meses de agosto, setembro e outubro. No último ano, por exemplo, foram registrados 7.758 focos somente em setembro e outubro. Em pleno “B-R-O BRÓ” – período mais quente do ano no estado – além do intenso calor e frequência menor de chuvas, os piauienses precisam lidar com os efeitos e riscos trazidos pelas queimadas.
Apesar de ser uma prática comum, ainda há muito fogo provocado de forma acidental, por maus hábitos ou má conduta, como ressalta Werton Costa. Ele explicou à reportagem que lançar lixo à margem de rodovias, principalmente quando se trata de materiais que concentram radiação (como plásticos e embalagens de vidro), pode causar riscos de queimada. “Ainda que o fogo provocado seja de pequena proporção, ele pode se espalhar”, alertou o climatologista.
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