O retorno da poliomielite era uma possibilidade temida pelos especialistas, devido aos baixos índices de vacinação registrados nos últimos anos no país. Em 2021, segundo o Ministério da Saúde, menos de 70% do público-alvo estava com as doses em dia. Já em 2015, mais de 98% das crianças foram vacinadas. No Piauí, mais de 40 mil crianças ainda precisam ser vacinadas contra a doença. As campanhas de vacinação já encerraram, mas o imunizante continua disponível em todos os postos de saúde do estado.
A meta é que pelo menos 95% do público-alvo (187.366 crianças) receba a vacina contra a pólio, o que ainda não foi possível pela baixa adesão à campanha no Piauí. Até agora, cerca de 75% das crianças aptas a receber a vacina foram imunizadas. O número é um pouco acima da média nacional, mas tem preocupado os especialistas de saúde, tendo em vista a iminência do vírus. Há pouco mais de um mês, o cenário em Teresina também não era muito animador, de acordo com a Fundação Municipal de Saúde (FMS): até o fim de setembro, somente 50% do público-alvo havia sido vacinado.
Barbara Gomes não conseguiu, até agora, levar sua filha de dois anos para vacinar-se em Teresina. À reportagem, ela contou que estava em viagem quando a campanha de vacinação começou. Além disso, a falta de informação retardou a imunização da filha: “Achei muito vagas as postagens em redes sociais”, disse. “Atualmente, consigo ver mais divulgação sobre a vacinação contra a Covid-19”, completou. Na segunda-feira (7), Barbara foi informada que o imunizante ainda estava disponível, embora não soubesse os locais de vacinação.
Crianças devem tomar cinco doses da vacina contra pólio: as três primeiras doses como injeções (uma dose aos dois meses, outra aos quatro e a terceira aos seis meses de vida); as duas doses de reforço restantes são tomadas como gotinhas (uma aos 15 meses e outra aos quatro anos de idade).
A última notificação de um caso de pólio no Brasil ocorreu em 1989 – há 33 anos. Cinco anos depois, as Américas (Central, Sul e Norte) receberam o certificado de eliminação da doença. No entanto, a poliomielite volta a ameaçar o país: no Pará, foi investigada uma suspeita da doença em uma criança de três anos, que testou positivo para o poliovírus (SABIN LIKE 3).
O caso foi notificado por meio de documento de comunicação de risco, do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da Secretaria de Saúde do estado. O paciente apresentou manifestação em agosto, de acordo com o levantamento das informações epidemiológicas. A doença pode causar paralisia irreversível em crianças.
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