Uma pesquisa levantada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que 74,5% dos atendimentos primários à saúde infantil são realizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) no Piauí. Os lugares mais procurados são as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da Família (USF) com 53% dos casos. Em 21,5% estão as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) ou outros pontos de atendimento público 24 horas. A atenção primária para crianças, no estado, ficou 8,6 pontos percentuais acima da média nacional.
O Piauí também apresenta um dos menores índices do país na realização de exames médicos de rotina para crianças. A realização de atendimentos em crianças menores de 13 anos de idade totalizou apenas 28% dos casos, inferior à média da região Nordeste (36,4%). Os atendimentos realizados em consultórios particulares, clínicas privadas, ambulatórios, pronto atendimento ou emergência de hospitais privados ocorrem em menos de 24% dos casos.
Os exames médicos para as crianças no Piauí, em sua maioria, foram feitos em caráter de urgência. Cerca de 44% dos atendimentos aconteceram após o aparecimento de sintomas de adoecimento ou da ocorrência de lesão, febre, acidentes, fratura, alergia e outros. Nesse quesito, o Piauí possui o 3° maior indicador do país, ficando atrás dos estados do Tocantins (44,6%) e do Maranhão (44,1%). Os menores indicadores ficaram com os estados do Amapá (23,4%) e Roraima (22,28%).
Hilana Fontineles, enfermeira da Atenção Básica, aponta que a atenção primária à saúde é a estratégia mais efetiva para a universalização do acesso à saúde – com ênfase no atendimento a crianças e idosos. Por isso, quanto melhor for o aparelhamento dessas unidades, maior é a qualidade e benefício para a saúde das crianças que residem em qualquer local do país.
A enfermeira avalia que as fragilidades do trabalho em rede são um dos desafios para garantir maior alcance do SUS para população mais empobrecida. Ela explica que estratégias, como manter a atualização de benefícios sociais ligados aos atendimentos de saúde, potencializam o retorno da população aos serviços da rede. No entanto, ela avalia que é preciso investimentos de políticas públicas no “trabalho de base”. “Falta aperfeiçoamento de cursos para profissionais da enfermagem e técnicos de enfermagem”, ressalta Hilana. “É preciso atualização das ferramentas tecnológicas na saúde, e principalmente, valorização da categoria que opera na área da Atenção Básica”, finaliza à reportagem.
Durante a pesquisa foi investigado o cuidado prestado pelo médico da Unidade Básica de Saúde ou Unidade de Saúde da Família. Três entre quatro crianças do Brasil (28,4 milhões) realizaram uma consulta médica nos últimos 12 meses. A frequência foi menor na Região Norte (66,6%) e na Região Nordeste (71,8%). Outro dado apontado pela pesquisa é que, em 2022, 28 milhões de crianças realizaram mais de uma consulta com o mesmo profissional pelo SUS.
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