Mais cedo que o previsto, um tapete esverdeado começou a cobrir o Rio Poti, em Teresina. Um fenômeno que ocorre anualmente que para desavisados pode tornar-se encantador, entretanto esconde um grande problema ambiental. Os aguapés são plantas que funcionam como indicadores da poluição dos rios. Quanto maior a presença no ambiente, maior a quantidade de matéria orgânica, ou seja, despejo de esgoto.
Além do impacto ambiental, o surgimento dos aguapés também interferem na renda de pescadores e atividades de lazer e em grandes quantidades, podem atrapalhar o motor ou a remada dos transportes. “Por causa da poluição, pessoas que vivem da pesca tem sua atividade produtiva prejudicada”, comenta a bióloga Jenniffer Pinheiro.
Dessa forma, a retirada dos aguapés deve ser feita de forma regular. Entretanto, essa atividade está sofrendo um impasse. De acordo com a Prefeitura Municipal de Teresina (PMT), a retirada dos aguapés acontecia pela empresa (Organização Social) que era paga com emenda parlamentar, mas foi encerrada. Sobre o assunto, a gestão municipal comunicou que monitora a situação, mas aguarda uma decisão judicial para definir qual das pastas, Secretaria do Meio Ambiente (SEMAM) ou Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEMDUH), deverá realizar a limpeza dos rios.
Apesar do prejuízo ambiental, a bióloga reforça que os aguapés são importantes e têm um papel fundamental para auxiliar na detecção da saúde dos rios. “Se nós não tivéssemos essas plantas não saberíamos a qualidade da água e a quantidade de poluição”. Para ela a conscientização da população sobre o descarte ilegal e a denúncia são essenciais já que o problema é recorrente. “Antes mesmo de decidir ser bióloga via essa situação que é algo desolador diante da importância dos rios para a cidade”, finaliza Jeniffer.
A SEMAM em nota comunicou que já busca em conjunto com a SEMDUH uma solução para o problema e explicou que foi firmado um acordo com a empresa Águas de Teresina, responsável pelo esgotamento sanitário da capital para a entregar até outubro, pelo menos 60% das ligações de esgoto na região que compreende o rio na avenida Marechal Castelo Branco, um dos pontos mais críticos da cidade.
O Rio Te Chama
Enquanto isso, há duas semanas, um pequeno grupo de voluntários que até o momento conta com oito pessoas realizou um mutirão para coletar lixo às margens do Parnaíba. O projeto O Rio te Chama nasce do incômodo de teresinenses que resolveram agir e não apenas ficar à espera dos órgãos públicos, como bem reflete Jamires Martins, artista visual e uma das idealizadoras do projeto. “Percebi que minha inquietação com a situação dos rios também era compartilhada com outras pessoas e a partir disso montamos o grupo”, comenta.
As atividades reforçam o cuidado com o meio ambiente e possibilitam o contato e a construção do sentimento de pertencimento da população com os rios. Na primeira intervenção realizada em agosto, dez sacolas de lixo foram coletadas e serão destinadas à reciclagem. A ação possibilitou o surgimento de outras ideias que tem como foco a preservação dos recursos naturais da cidade. “Estamos realizando um mapeamento e um cronograma de como podemos reflorestar alguns desses locais nos períodos propícios”, explica Jamires.
O segundo mutirão acontece neste domingo, dia 12 de setembro, no trecho do Rio Parnaíba próximo à Avenida Maranhão. Os voluntários pretendem ainda fazer placas educativas, oficinas e intervenções visuais.
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