A educação é uma das áreas mais prejudicada durante crises sanitárias. Em uma pesquisa realizada pela Plan Internacional com meninas de 15 a 24 anos que afirmam que essa foi a área mais afetada com a pandemia da Covid-19.
No estudo, as entrevistadas relataram dificuldades de concentração e foco para estudar, além da falta de dinheiro para conseguir ter uma internet de qualidade e outros custos relacionados ao aprendizado on-line. Esses fatores contribuem para desestimular o envolvimento de crianças e adolescentes nas escolas e tem como uma das consequências o abandono escolar.
Uma alternativa das escolas encontradas na capital piauiense para estimular a continuidade dos alunos com os estudos, é o envolvimento com olimpíadas educacionais. Wallyson Christyan Moreira, de 14 anos, aluno da rede pública afirma que antes de começar a estudar para competir, estava muito desmotivado na escola. “A participação nas olimpíadas mostrou que eu tenho potencial”, comenta o estudante medalhista em quatro competições: Olimpíada Brasileira de Astronomia, Satélites, Robótica e Canguru de Matemática.
O ânimo também envolveu sua colega de classe, que também começou a estudar para as olimpíadas no mesmo período, em 2019. “Eu não estava tão motivada, porque era sempre algo muito repetitivo na escola e quando comecei a me esforçar, me envolvi e isso mudou um pouco a minha vida”, comenta Maria Eduarda Pereira, 14 anos, que conseguiu ser medalhista em quatro olimpíadas.
Para o professor Edward Montenegro, professor de turmas do Programa Cidade Olímpica Educacional, voltado para atender alunos da rede municipal de Teresina com o objetivo de preparar os estudantes para participação em competições de alto nível, o estímulo vai muito além das competições. “A gente está trabalhando na formação do aluno e fazendo com que ele tome consciência de que estudar é o melhor caminho para progredir na vida”, comenta.
Essa realidade também é compartilhada por alunos de outras escolas. Segundo a diretora Djanira Alencar, do CETI João Henrique, zona sul da capital, as olimpíadas contribuem para o envolvimento dos estudantes com o ensino. “O intuito também é de ampliar o conhecimento na área que a olimpíada acontece”, acrescenta.
Garantia de um futuro melhor contribui para que alunos não desistam
A pandemia teve como consequência o aumento da quantidade de alunos que abandonaram a escola. De acordo com dados do Painel dos Indicadores Educacionais por município do Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), analisados pela Agência Tatu de jornalismo de dados, Teresina (PI) e Porto Alegre (RS) registraram as menores taxas de abandono escolar na rede municipal entre todas as capitais do país em 2019, com 0%, junto com Cuiabá (MT), que obteve 0,1%. Entretanto, ao se analisar os dados de 2020, primeiro ano de pandemia, Teresina salta para a posição 13º, com 1,8% de abandono. Os dados consideram alunos do ensino fundamental que deixaram de frequentar as aulas.
Quando começou a crise sanitária, a estudante da rede pública, Victória Colins, 18 anos, conta que passar a estudar por meio do ensino remoto foi um choque. “Eu era bem acostumada com a escola, estar presente, conviver com todas as pessoas”, comenta. Por estudar em uma escola de tempo integral, se adaptar à nova rotina, foi difícil, o que se somou a uma carga horária mais puxada por estar no terceiro ano do ensino médio, em que a adolescente precisou se organizar para estudar mas para o vestibular.
Pensar nos sonhos para o futuro, fez com que a adolescente não desistisse dos estudos. ”Desde pequena eu soube que estudar é preciso e hoje, sem estudos, você não consegue nada”, comenta Victória enfática. Além disso, a participação em olimpíadas educacionais, também contribui com o estímulo. “Ela mostra para a gente que temos a oportunidade de mostrar o que a gente sabe”, finaliza a aluna que ganhou medalha de bronze na mais recente Olimpíada Piauiense de Química.
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