sábado, 26 de abril de 2025

Pesca predatória e presença de lixo ameaçam vida de animais no litoral

Uma espécie de peixe-boi em extinção foi encontrado morto na última semana; caso não foi o primeiro que aconteceu este ano

26 de julho de 2021

O peixe-boi Maceió foi encontrado morto na quinta-feira (22) sob a ponte do Rio Igaraçu, em Luís Correia. Segundo o Instituto Aquasis, o animal apresentava cortes na pele que podem ter sido causados pelo choque com a hélice de uma embarcação. O acidente causou fraturas na escápula, osso equivalente ao ombro do animal que tinha 12 anos. Sua espécie é o maior mamífero em extinção no Brasil.

Morte de peixe-boi Maceió foi causada pelo choque com a hélice de uma embarcação (Foto: Reprodução)

Este não é o primeiro caso registrado da morte de um animal que está ameaçado de extinção no litoral piauiense. No dia 1º de julho deste ano, um peixe-lua, animal das profundezas do oceano e raríssimo de ser visto, foi encontrado encalhado em uma praia de Luís Correia. Conhecido cientificamente como Mola Mola, o peixe morreu horas depois de ter sido encontrado. 

Para a bióloga Werlane Magalhães a pesca predatória e a presença de lixo na região são as principais causas de ameaça às espécies da região. “As pescas acontecem em zonas proibidas e são feitas com o uso de objetos de pesca proibidos e em áreas protegidas sem manejo adequado”, pontua. Quanto ao lixo, é enfática: “Não existe uma atenção adequada ao gerenciamento de resíduos sólidos, a nível de Brasil”.

Um exemplo desse descaso foi registrado recentemente no próprio Delta do Parnaíba, na Ilha das Canárias, localizada no município de Araiozes (MA). O local, que faz parte de uma Unidade de Conservação Federal de Uso Sustentável, a RESEX Marinha do Delta do Parnaíba, não vinha registrando coleta de resíduos nos últimos meses. O caso foi informado ao ICMBio – Instituto Chico Mendes, responsável pela preservação da área, que por sua vez, formalizou denúncia ao Ministério Público Federal – MPF. 

A região do Delta do Parnaíba apresenta particularidades ambientais que permitem a sobrevivência de uma diversidade de animais. “É uma área de refúgio, descanso, de reprodução e alimentação de várias espécies ameaçadas e não ameaçadas de extinção. Estamos em uma região abraçada por estuários e áreas de manguezais, ecossistemas costeiros importantes, que funcionam como berçário para várias espécies”, cita a bióloga e vice-presidente do Instituto Tartarugas do Delta, Werlane Magalhães.

De acordo com a bióloga, espécies como o cavalo marinho, peixe-boi, tartarugas marinhas, camurupim, boto-cinza, e outros animais estão presentes na região que compreende o Delta e o litoral piauiense. “Eles estão inseridos na lista de fauna brasileira ameaçada de extinção em diferentes categorias de espécies ameaçadas”, destaca.

A bióloga faz o alerta para a importância da conscientização do coletivo, da promoção de projetos educativos sobre a preservação e finaliza citando que a problemática do lixo ainda se dá pela falta de políticas públicas. “Faltam mais projetos educativos e culturais que possam promover informação de qualidade para a população em geral, além de políticas públicas a nível nacional, educação ambiental e incentivos fiscais para empresas que têm cuidados com os resíduos”, pontua. “Não se trata de um problema local ou pontual, estamos falando de um problema cultural. Infelizmente”, finaliza.

sábado, 26 de abril de 2025
Categorias: Últimas

Geysa Silva

Jornalista, consultora de marketing político e especial Experiência Piauí.

0 comentário

Deixe um comentário

Avatar placeholder

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *