O peixe-boi Maceió foi encontrado morto na quinta-feira (22) sob a ponte do Rio Igaraçu, em Luís Correia. Segundo o Instituto Aquasis, o animal apresentava cortes na pele que podem ter sido causados pelo choque com a hélice de uma embarcação. O acidente causou fraturas na escápula, osso equivalente ao ombro do animal que tinha 12 anos. Sua espécie é o maior mamífero em extinção no Brasil.
Este não é o primeiro caso registrado da morte de um animal que está ameaçado de extinção no litoral piauiense. No dia 1º de julho deste ano, um peixe-lua, animal das profundezas do oceano e raríssimo de ser visto, foi encontrado encalhado em uma praia de Luís Correia. Conhecido cientificamente como Mola Mola, o peixe morreu horas depois de ter sido encontrado.
Para a bióloga Werlane Magalhães a pesca predatória e a presença de lixo na região são as principais causas de ameaça às espécies da região. “As pescas acontecem em zonas proibidas e são feitas com o uso de objetos de pesca proibidos e em áreas protegidas sem manejo adequado”, pontua. Quanto ao lixo, é enfática: “Não existe uma atenção adequada ao gerenciamento de resíduos sólidos, a nível de Brasil”.
Um exemplo desse descaso foi registrado recentemente no próprio Delta do Parnaíba, na Ilha das Canárias, localizada no município de Araiozes (MA). O local, que faz parte de uma Unidade de Conservação Federal de Uso Sustentável, a RESEX Marinha do Delta do Parnaíba, não vinha registrando coleta de resíduos nos últimos meses. O caso foi informado ao ICMBio – Instituto Chico Mendes, responsável pela preservação da área, que por sua vez, formalizou denúncia ao Ministério Público Federal – MPF.
A região do Delta do Parnaíba apresenta particularidades ambientais que permitem a sobrevivência de uma diversidade de animais. “É uma área de refúgio, descanso, de reprodução e alimentação de várias espécies ameaçadas e não ameaçadas de extinção. Estamos em uma região abraçada por estuários e áreas de manguezais, ecossistemas costeiros importantes, que funcionam como berçário para várias espécies”, cita a bióloga e vice-presidente do Instituto Tartarugas do Delta, Werlane Magalhães.
De acordo com a bióloga, espécies como o cavalo marinho, peixe-boi, tartarugas marinhas, camurupim, boto-cinza, e outros animais estão presentes na região que compreende o Delta e o litoral piauiense. “Eles estão inseridos na lista de fauna brasileira ameaçada de extinção em diferentes categorias de espécies ameaçadas”, destaca.
A bióloga faz o alerta para a importância da conscientização do coletivo, da promoção de projetos educativos sobre a preservação e finaliza citando que a problemática do lixo ainda se dá pela falta de políticas públicas. “Faltam mais projetos educativos e culturais que possam promover informação de qualidade para a população em geral, além de políticas públicas a nível nacional, educação ambiental e incentivos fiscais para empresas que têm cuidados com os resíduos”, pontua. “Não se trata de um problema local ou pontual, estamos falando de um problema cultural. Infelizmente”, finaliza.
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