O anúncio de que a prefeitura de São Luís, capital maranhense, inicia nesta semana a vacinação contra a Covid-19 de jovens entre 18 e 29 anos sem comorbidades, coloca o Maranhão em posição de destaque no combate à pandemia. Ao tempo em que Teresina, capital piauiense, segue vacinando por faixa etária pessoas com 49 anos ou mais – além de categorias prioritárias como motoristas e cobradores de transporte público, trabalhadores e acadêmicos em saúde.
O estado vizinho tem sido destaque pelo avanço da vacinação e por também registrar a primeira cidade do Brasil com a população adulta 100% vacinada, o município de Alcântara, a 30km de São Luís. Com 204 comunidades quilombolas, o maior número em todo o Brasil, o grupo foi um dos prioritários na imunização contra a Covid-19 no Maranhão.
Em parceria com o governo do Maranhão, a prefeitura de São Luís realizou o Arraial da Vacinação: um evento que prometeu mais de 40 horas de duração e aplicações ininterruptas. Com isso, segundo a secretaria de saúde local, o recorde de 19.260 pessoas vacinadas em um único dia foi registrado – fato que fez a cidade disparar na diferença de idade dos grupos de vacinação em relação às demais capitais brasileiras.
Piauí a passos lentos
A aceleração em São Luís foi possível após a capital receber 310 mil doses extras da vacina AstraZeneca, solicitadas ao Ministério da Saúde para a vacinação em massa após a confirmação de casos da variante indiana no estado.
Mas, esse avanço foi pontual apenas na capital maranhense, uma vez que cada município operacionaliza de modo particular seu plano de vacinação. São Luís, sozinha, ficou com 210 mil doses. As 100 mil restantes foram distribuídas nos municípios que receberam quantidades menores para público-alvos menores.
De acordo com gráfico no site do Ministério da Saúde, que controla os números da vacinação em todo o país, o Piauí recebeu, até agora, 1.694.790 doses de vacina. O Maranhão, por sua vez, distribuiu 3.741.170 doses pelo estado. Os dados são de 21 de junho, atualizados às 13h19 pelo órgão federal.
Comparando proporcionalmente – cálculos que consideram a quantidade de doses aplicadas em cada estado, mas levando em conta a densidade populacional e número de pessoas aptas a receberem a vacina – do dia 1 de junho até ontem, 20, o Maranhão apresentou um crescimento de 12% nas aplicações. Enquanto o Piauí cresceu apenas 8%. Juntando primeiras e segundas doses, o Piauí aplicou 35,8%, enquanto o estado vizinho aplicou 36,22%.
“Nós estamos nos arrastando até agora, tentando de toda forma avançar na campanha de vacina”, diz Leopoldina Cipriano, vice-presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Piauí e secretária municipal de saúde da cidade de Miguel Alves.
Para ela, além da necessidade de mais vacinas, é importante que cada município saiba gerenciar as quantias disponíveis, acelerando seus processos de vacinação. “A burocratização da vacina impede que o percentual de pessoas vacinadas siga”, afirmou. “O Maranhão avançou porque desburocratizou a vacinação e deixou de vacinar por grupos prioritários”, analisa, concluindo que a faixa-etária deveria ser a exigência primária, ao contrário de grupos prioritários.
Outro ponto alegado é a falta de agilidade no processo de vacinação, apontada como um fator de atraso. “Hoje, a vacinação exige uma equipe de supervisão e gerenciamento das vacinas, em que há uma análise e registro de todos aqueles que são vacinados”, diz Leopoldina. “Em locais com energia escassa ou internet limitada, isso atrasa o procedimento”.
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