sábado, 23 de novembro de 2024

Cerca de 11 mil alunos não voltam às aulas presenciais no Piauí

Evasão escolar se deve a questões de saúde, mas também a falta de transporte, alerta professor

03 de janeiro de 2022

No dia 3 de novembro de 2021, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) anunciou o retorno presencial de 100% das escolas estaduais. O retorno deveria abarcar tanto as turmas do Ensino Fundamental como os alunos do Ensino Médi, além da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Na rede estadual de ensino, são cerca de  227 mil estudantes em 656 escolas no estado – mas, de acordo com a Seduc, cerca de 11 mil estudantes não retornaram às escolas por serem grupo de risco para a Covid-19. 

Para André*,  professor da rede estadual de ensino na cidade de Picos, além do fator saúde, a falta de transporte escolar também é um motivo para a evasão. “Isso já era esperado por todos nós antes mesmo do retorno, mas a Seduc não quis escutar os professores”, comenta o educador. 

Leia mais: Falta de transporte escolar prejudica o retorno de estudantes da rede estadual

Outro ponto preocupante, comenta o professor, é o aumento dos casos de síndromes gripais em todo o estado. “A H3N2 já está no Piauí e causou até a morte de uma pessoa, cada dia que passa os professores e alunos se tornam mais vulneráveis”. conclui. 

O Piauí tem nove casos confirmados do vírus H3N2, da gripe, uma nova cepa que  está provocando surtos epidêmicos em vários estados brasileiros. O estado foi um dos últimos a registrar casos por conta do alto índice de cobertura vacinal da gripe (80%).

Os 10 casos de síndrome gripal por H3N2 identificados são de Monsenhor Gil, Piripiri, Teresina e Timon. O caso identificado como da vizinha cidade maranhense foi encaminhado para o município.  Entre os casos, há cinco pessoas do sexo masculino e cinco do sexo feminino, com faixas etárias que variam de 11 a 85 anos.

Em entrevista ao site cidadeverde.com  a diretora da Unidade de Ensino e Aprendizagem da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Maria José Mendes, disse  que se observa exceções dos pais por problemas de saúde, comorbidade do aluno, ou por não estarem com a imunização completa. De acordo com a Seduc, entre as comorbidades, se destacam diabetes, hipertensão, pessoas imunossuprimidas e gravidez. 

“A Seduc reforçou uma busca ativa com projetos voltados para a questão emocional, questão cognitiva. Também estamos indo na casa do estudante, fazendo ligação, mandando mensagem, realizando atividades diversificadas com o intuito de atrair os alunos ao retorno”, relatou a diretora na entrevista.

O Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Estado do Piauí (Sinte-PI) sempre discordou do retorno das aulas presenciais. A presidente da entidade sindical, Paulina Almeida, disse ao oestadodopiaui.com que uma reunião estaria sendo marcada para a discussão da evasão escolar e o retorno das aulas presenciais em 100 %. 

“Nossa avaliação continua a mesma”, reforçou. “Nunca consideramos que seria o momento certo para retornar. Várias escolas paralisam atividades quase toda semana por suspeitas de casos de Covid-19 entre alunos, professores e administradores”, frisou Paulina.

A presidente pontuou ainda que o sindicato não possui os dados oficiais sobre a evasão escolar. “A gente solicita esses dados da Seduc e o órgão não passa as informações, fica difícil debater melhorias”, diz.  

* O nome da fonte foi alterado para preservar sua identidade.

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