As aulas presenciais na rede pública municipal já têm data marcada para retornar em Teresina. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (Semec), as aulas devem iniciar a partir do dia 4 de setembro de forma online, entretanto, a partir do dia 11, grupos de alunos devem se revezar para frequentar as escolas presencialmente.
Para Carlos Henrique Nery, infectologista e professor de medicina da UFPI, o retorno presencial nesta fase da campanha de imunização será um erro. Ele destaca que a possibilidade dessas atividades só poderá ser planejadas com mais de 75% da população vacinada com a primeira e segunda dose, entretanto, apenas 23,88% dos teresinenses estão completamente imunizada, segundo dados coletados no Vacinômetro.
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Carlos Henrique ressalta que com a iminência da variante Delta no Brasil, a cepa do vírus pode chegar rapidamente ao Piauí e fazer com que o número de mortes pela doença possa se elevar, inclusive entre a população vacinada e sob maior risco de fatalidade, como idosos e portadores de comorbidades. “O que acontece no mundo também acontece aqui. É um roteiro devastador e que já é vivido em estados como o Rio de Janeiro. Esse retorno das aulas é descabido, faz parte de uma estratégia de ilusão para dizer que está tudo resolvido quanto a pandemia, mas não está”, pontua.
William Feitosa é professor da rede municipal de Teresina e leciona português e matemática no ensino fundamental. Assim como ele, muitos professores tomaram apenas a primeira dose contra a Covid-19. Para ele, o cenário é de insegurança, uma vez que muitos colegas e estudantes abaixo de 18 anos não receberam a vacina. “Não há estrutura nem para o retorno presencial e nem para o retorno híbrido”, enfatiza o professor ao citar que muitas escolas não possuem estrutura para profissionais e estudantes. “Aula presencial é um assunto para 2022, a depender do cenário vacinal”, declara.
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Teresina (SINDSERM) informou que a categoria dos professores vai entrar em greve sanitária a partir do dia 10 de agosto. Em nota, o Sindicato explica que a decisão foi tomada devido às condições estruturais das escolas na capital, falta de testagem, imunização e fiscalização dos protocolos sanitários para conter a circulação da Covid-19.
O Sindicato aponta ainda que entre janeiro e abril de 2021, 17 professores morreram por conta da doença. “Este foi o saldo das aulas presenciais impostas na rede particular de ensino. Uma tragédia escondida que a negligência do governo estadual permitiu acontecer”, afirmou o SINDSERM Teresina em ofício encaminhado à Semec.
Ensino superior no Piauí
A Universidade Federal do Piauí (UFPI) anunciou o retorno das aulas práticas em onze cursos de graduação nos campus de Floriano, Picos e Teresina a partir desta quarta-feira (25). A UFDPar também iniciou o período nesta quarta-feira (25) e seguirá o formato de ensino remoto para evitar o contágio da Covid-19.
A Universidade Estadual do Piauí (UESPI) declarou, no entanto, que dependerá do contexto pandêmico, mas até agora, o calendário acadêmico segue em formato remoto. Porém, os servidores que tomaram a 2° dose da vacina estão retornando gradativamente na modalidade presencial.
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No Brasil, quatro das principais universidades públicas do país se preparam para o retorno das aulas presenciais em quatro universidades. Entre elas, a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Universidade Federal de Rondônia (UNIR).
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