Cerca de 38% das empresas e indústrias no Brasil possuem restrições para contratar lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, queers e intersexuais (LGBTQI+). Foi o que apontou o levantamento do projeto “Demitindo Preconceitos”, que também destacou que menos da metade dos profissionais de 14 estados brasileiros declararam orientação sexual no trabalho. O preconceito ainda é um obstáculo que tem impedido muitos profissionais de alcançarem uma oportunidade de emprego, como aponta a gerente de enfrentamento à LGBTfobia da Secretaria de Assistência Social do Trabalho de Direitos Humanos, Joseane Borges. Para ela, uma das dificuldades é dar voz e vez a esse público.
Na tarde desta sexta-feira (29), em alusão ao Mês do Orgulho, líderes e colaboradores da Servfaz – empresa de facilities e segurança – se reuniram para discutir sobre questões de gênero e sexualidade com Letícia Carolina, Robert Brandão, Ayan Trix e Richard Henrique. A ideia do momento de interação era reforçar o relacionamento interpessoal e a diversidade, fortalecendo as relações de trabalho – além do respeito e integridade da comunidade. O evento também foi transmitido no Instagram da empresa.
Ao longo da conversa com os colaboradores, os integrantes da palestra explicaram acerca de cada palavra que compõe a sigla. E também explicaram porque a expressão tem ganhado novas letras a partir do tempo: “Surgiram novas letras porque nossa cultura muda o tempo todo, assim como a culinária, a moda, a música, as expressões de gênero e sexualidade também tem se transformado”, explicou Letícia, professora universitária. “O que precisa também mudar é a mentalidade conservadora, e abraçar as diferenças”, frisou.
Também foi debatido sobre termos relativamente novos e ligados à linguagem neutra. Trix, que é uma pessoa não-binária, explicou que é um termo “guarda-chuva”, contemplando a fluidez entre os gêneros ou a completa ausência dele (agênero). A nomenclatura serve para abarcar experiências de pessoas que não se entendem dentro do gênero masculino ou feminino.
“A linguagem neutra tem como objetivo ser um movimento social e trazer transformação”, complementa o estudante de psicologia. “Ela não é vista apenas como uma mudança gramatical, mas sim, como uma mudança de perspectiva”, ressalta.
Richard pontuou sobre a invisibilização – e desinformações – que alguns grupos da comunidade, como as pessoas queer e transexuais. O publicitário explica: “É usado para representar pessoas que não se identificam com padrões impostos pela sociedade e transitam entre os gêneros, sem concordar com rótulos, ou que não saibam definir seu gênero/orientação sexual”, declara.
Por fim, Robert reforçou a importância dessas atividades com líderes e colaboradores, para que pessoas LGBTQIA+ sintam-se seguras e acolhidas. O administrador cita que a falta de instabilidade e empatia dos colegas de trabalho podem ser essenciais para a permanência de pessoas da comunidade em seus cargos. “O preconceito é velado, com sorrisos, perguntas vexatórias ou até mesmo agressões”, analisa Robert. “Por isso, quanto mais informado e preparado um colaborador ou líder está, mais respeito à diversidade um ambiente de trabalho pode ter”, finaliza.
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