Considerado o período mais quente do ano, os meses de setembro, outubro e novembro registram os maiores números de queimadas anualmente no Piauí. No entanto, os dados levantados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam que os focos de fogo entre o dia primeiro de janeiro até os últimos 21 dias de setembro de 2021 já superam em 119% o ano anterior no estado.
Ao todo, já foram identificadas 8254 queimadas neste ano, contra 3.769 em 2020. Somente nas últimas 24h foram localizados em torno de 232 focos de incêndio. As cidades mais afetadas são: Morro Cabeça no Tempo, Parnaguá, Manoel Emídio, Baixa Grande do Ribeiro, Corrente, Uruçuí, Tamboril, Santa Filomena, Bom Jesus e Alvorada do Gurguéia. Juntos, os dez municípios representam mais de 66% das queimadas em todo o Estado.
Porém, é possível que aumente os focos diários, tendo em visto que ainda não chegamos na metade do período que corresponde ao B-R-O BRÓ – expressão formada pela terminação dos meses mais quentes do ano no semiárido, como afirma a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar) do Piauí. Segundo o último boletim meteorológico do órgão, os níveis de umidade relativa do ar estão muito baixos e com tendência a se tornarem ainda mais baixos nos próximos dias, tendo em vista a ausência de chuvas, aumento da temperatura e frequência de ventos.
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Entretanto, o primeiro mapa da previsão trimestral de outubro, novembro e dezembro indica que há um quadro de possíveis chuvas em algumas áreas do estado nestes meses, com destaque para o médio Parnaíba, Grande Teresina e Extremo Sul, como aponta o climatologista Werton Costa. “Somente uma parcela da faixa sertaneja, limítrofe com a Bahia, apresenta quadro de chuvas abaixo da média no período”, explica o especialista. Apesar da previsão, apenas ao final do mês de setembro que poderá ser avaliado um cenário mais detalhado para o último trimestre do ano.
Queimadas no Brasil
A nível nacional, o cenário de queimadas também é preocupante. Ao todo, segundo o INPE, o país já registrou cerca de 128.707 focos de incêndio. Atualmente, Mato Grosso, Pará, Amapá, Minas Gerais, Bahia e Tocantins são os seis estados com maiores registros de queimadas. O Piauí ocupa o sétimo lugar no ranking. Veja números desta quarta-feira (22). É importante ressaltar que os dados são atualizados diariamente e, portanto, se alteram:
- Mato Grosso: 17.840
- Pará: 13.254
- Amapá: 12.325
- Minas Gerais: 9.579
- Bahia: 8.935
- Tocantins: 8.296
- Piauí: 8.254
Apesar do período preocupante, em comparação ao ano anterior, houve redução de 12% no número de incêndios registrados nacionalmente. No entanto, Werton explica que os focos de calor são uma tendência nacional, tendo em vista que nas regiões Norte, Nordeste e Centro do país, é comum que haja um distanciamento das chuvas, diminuição da umidade e período seco.
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Porém, o especialista ressalta que o clima seco é um agravante, mas não o causador. Focos de incêndios provocados e lixos nas rodovias são ainda os principais potencializadores da circulação do fogo nas regiões mais afetadas do Brasil. Dessa forma, as chuvas são positivas para diminuir o quadro de focos de queimadas, mas é preciso que haja ações para incentivar políticas públicas de conscientização. “Esse é um problema também cultural”, ressalta Werto. “Nosso clima é muito propício para focos, mas há muita gente que faz ignorância. Quem mais sofre com isso é a nossa fauna e flora”, pontua.
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