Ocupar os espaços difundindo marcas e negócios de pequenos produtores: essa é a proposta de movimentos que mobilizam feirantes aos domingos, em Teresina. À sombra de praças ou nos quintais, expositores mostram seus produtos para um público interessado em repensar o uso do espaço público e o consumo sustentável, comprando direto de quem produz.
A Feirinha Verde Teresina (@feirinhathe), cuja 4ª edição acontece próximo domingo, dia 5, reúne dezenas de pequenos produtores, comercializando itens que vão do artesanal ao rural, como produtos de agricultura familiar.
Mariana Moura é uma das organizadoras da feirinha, que surgiu da iniciativa de amigos empenhados em unir sustentabilidade, uso de espaços subaproveitados e convívio seguro em tempos de pandemia. Ela também aproveita para comercializar sua produção de base artesanal: sabonetes e cosméticos com matéria-prima de origem vegetal e mineral. (@ceuemaresnatural)
”Um dos nossos objetivos é fazer pequenas mudanças nos hábitos das pessoas que vão nos visitar”, explica, acreditando que, aos pouquinhos, pequenas ações podem impactar o mundo.
A iniciativa provoca um outro olhar para espaços muitas vezes despercebidos no cotidiano – ocupados por consumidores e feirantes, agora eles podem ceder espaço para geração de renda a partir da produção local, encontros de produtores e discussão sobre o consumo consciente.
Mariana conta que as edições da feira não se resumem à comercialização. A proposta conta com atividades para o público infantil, música e oficinas sobre alimentação e sustentabilidade. “A gente quer que a praça seja ocupada para além dessa coisa do comprar e vender, mas também como forma de lazer e entretenimento para os moradores da região”, defende.
No último domingo, a feira “Bota pra gerar” também ocupou o espaço cultural Casa Barro, localizado no centro-norte da cidade. Novamente, o encontro de pequenos empreendedores se tornou deixa para discutir a produção autônoma e espaço para divulgação de marcas para além do online.
A psicóloga Ana Carolina Furtado, expôs seus produtos da @caluecocrochê, marca de produção ecológica que mistura moda e sustentabilidade à base de crochê – para ela, a participação em feiras é uma oportunidade de sair do Instagram para o mundo real. “Através da feira é possível alcançar um novo público e fazer esse papel educativo a respeito do impacto das nossas ações no meio ambiente”, diz.
A seu favor, as feiras tem o fato de acontecerem a céu aberto, em ambientes ventilados – respeitando a regra de distanciamento como contenção da pandemia. “Na hora de pensar a logística e alocar feirantes pela praça, não esquecemos da questão da segurança”, frisa Mariana. “É possível continuar realizando, pedindo sempre que os cuidados sejam mantidos por parte de todos que participam”.
Afinados com o planeta
Quando o grupo da feirinha começou a se reunir, Ana Carla Falcão percebeu na iniciativa uma grande afinidade com o seu negócio – há quase um ano ela é curadora da Crica (@crica.brecho), brechó virtual que seleciona e propõe a ressignificação de roupas atemporais.
“A feirinha é uma grande oportunidade para empreendedoras que trabalham em plataformas virtuais”, diz, exaltando a possibilidade de apresentar e expor o seu trabalho pessoalmente. “O evento tem tudo a ver com a proposta do meu negócio, de difundir a moda sustentável e outras formas de consumo”, acrescenta, reforçando a ideia de repensar os espaços verdes da cidade, dando novo sentido aos espaços públicos.
Suellen Morais, que trabalha com marketing e produção de conteúdo, criou no começo do ano a @sururu – a produção de acessórios feitos a mão passou de hobby para um pequeno negócio incentivado por amigos. “Eu sempre fui a feirinhas prestigiar, mas essa foi a primeira experiência como feirante”, conta.
Ressignificação, práticas sustentáveis e formas de repensar a vida nas cidades estão no ideal dos empreendedores, que costumam usar as redes sociais como plataforma de divulgação de seus produtos – nesse aspecto, a chance de fazer vendas ao vivo possibilita o “sair da bolha”. “O ponto mais positivo é o contato pessoal, fundamental para qualquer negócio”, diz Ana Falcão. “Fisicamente a gente consegue troca de afeto real”.
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