Nesta quinta-feira (10) o ex-ministro e pré-candidato à presidência da república, Sérgio Moro, esteve em Teresina participando de encontros com lideranças políticas, empresários e apoiadores na capital. A visita ao Piauí fez parte de uma agenda focada na região Nordeste. Essa semana ele também esteve no Ceará e em Pernambuco.
Sérgio Moro criticou as lideranças políticas do estado, entre elas o governador Wellington Dias e o Ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. “Em relação ao Piauí, a gente tem aqui o governo do PT há muito tempo e não resolve os problemas. A gente tem político do Piauí ao lado de Bolsonaro, no centro do poder, mas não resolve o problema do estado”, disse em entrevista ao Notícia da Manhã.
O pré-candidato, que em pesquisas tem aparecido em terceiro lugar nas intenções de voto para a presidência da república, também fez duras críticas a polarização entre Lula e Bolsonaro no Brasil, se colocando como uma alternativa para a dicotomia. “O foco da minha campanha será a retomada do crescimento econômico e do emprego”, comenta.
Para o cientista político Vítor Sandes, a passagem de Moro na capital piauiense tem o objetivo de se apresentar como um grande competidor entre os demais candidatos que se colocam como terceira via. Para isso, fez um aceno em relação à região e também veio buscar a construção de um palanque no estado. “Não é exatamente uma demonstração de força essa visita, mas busca criar as condições para a sua candidatura, em um cenário em que Lula e Bolsonaro surgem nas pesquisas eleitorais como candidatos mais competitivos”, explica o cientista.
Sandes diz que é importante destacar que a vinda do ex-ministro ao estado se restringiu apenas à capital. A visita ocorreu em um contexto onde o seu partido (Podemos) ainda busca ampliar seu leque de apoiadores a fim de criar as condições políticas propícias para uma visita a outras cidades e regiões do estado. Sérgio Moro realizou uma palestra em Teresina e, durante o momento de perguntas, foi surpreendido por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro, chamando-o de traidor.
Um vídeo feito durante a palestra mostra o homem, identificado como Almir Martins, pedindo para fazer uma pergunta e ler um cordel para o pré-candidato. No início ele faz elogios, dando a entender que era um admirador de Moro. “Nem parece que o senhor é real”, disse o homem.
Logo depois, o manifestante muda o tom do discurso, chamando Moro de “traidor”, e se diz decepcionado com o ex-juiz. Almir foi convidado a se retirar do local e saiu gritando: “Sai do meio, Moro” e exaltando a figura de Jair Bolsonaro.
Para Sandes, Sérgio Moro tem um grande desafio pela frente. “Em que medida ele conseguirá atrair a identificação de eleitores, identificados com o atual governo, e se colocar como uma alternativa ao próprio Bolsonaro nas eleições?”, questiona. “Como ser oposição ao governo e, ao mesmo tempo, conseguir convencer eleitores que são identificados pelo atual presidente?”.
Em Teresina, Moro também participou da filiação do empresário João Vicente Claudino ao Podemos. Apesar de ser, hoje, o principal nome da sigla no âmbito nacional, o ex-ministro afirma que não pretende interferir nas decisões tomadas pelo diretório local a respeito de alianças e candidaturas, e diz que o partido tem grandes quadros a oferecer à população piauiense.
“A gente vai filiar o João Vicente, que é um grande quadro, uma grande figura do estado do Piauí. Nós temos também outras pessoas, como o Fábio Sérvio. Mas todas as escolhas serão uma decisão pessoal do Piauí”, explicou.
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