sábado, 23 de novembro de 2024

Falta de acessibilidade no transporte público incomoda usuários

Além da crise enfrentada no transporte público, usuários reclamam da falta de acessibilidade e do abandono das estações

17 de junho de 2021

Teresina enfrenta uma grave crise no transporte público. Em seis meses, foram deflagradas sete paralisações pelos trabalhadores de ônibus, motivados pela falta de pagamento ou demissões em massa, segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Urbano (Sintetro). A situação soma-se ainda a uma constante redução na frota. “Atualmente, apenas 35% da frota está circulando na cidade, o que corresponde a apenas 128 ônibus”, aponta o presidente do Sintetro, Ajuri Dias.

Diante desses problemas, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instaurada em maio deste ano e segue em tramitação. “Isso confirma a sensação de abandono dos passageiros, principalmente daqueles que nunca se sentiram incluídos”, lamenta Gustavo de Almeida Sousa, estudante do ensino médio que tem mobilidade reduzida e utiliza aparelho ortopédico.

Duas vezes por semana, Gustavo precisa se deslocar de Timon, onde mora, para fazer tratamento de saúde na zona Sul de Teresina. Um trajeto que acontece com muita dificuldade. Ele toma quatro ônibus para fazer um caminho de ida e de volta ao atendimento médico – um percurso que, de carro, poderia ser feito em 15 minutos.

Além  dos problemas comuns de lotação, demora do transporte e insegurança, o estudante reclama da falta de acessibilidade, que piorou com a pandemia e pode passar despercebido por muitos usuários. “Não têm rampas com muita frequência nas estações das avenidas. As vans não têm acessibilidade”, observa. “Outra questão é que a faixa onde os ônibus passam está cedendo e ficando cheia de buracos, e isso prejudica bastante. Além de ter muito lixo”.

Os problemas relatados pelo estudante, na visão do urbanista e especialista em mobilidade urbana Fritz Miguel Morais Moura, vão além do transporte público e podem estar associados à falta de gestão e acompanhamento do aumento demográfico. “Teresina é uma cidade planejada, mas possui diversos erros de gestão”, aponta. “Não foi desenvolvido um estudo coerente e aprofundado sobre a origem e destino dos passageiros, de modo que fosse viável a utilização do transporte em menos tempo e com um valor acessível”, diz o especialista.

Para Wilson Gomes, presidente da Associação dos Cadeirantes de Teresina (ASCAMTE), o sistema de integração da capital não foi planejado para a pessoa com deficiência. “No caso dos cadeirantes, as plataformas de embarque possuem uma diferença de até 30 centímetros entre a plataforma e os ônibus, o que causa acidentes”, pontua. A situação, segundo o presidente da associação, causa constantes constrangimentos. “Muitas vezes, cadeirantes são carregados nos braços para entrar nos ônibus porque o elevador não funciona”, explica.

Além do transporte coletivo, pessoas com deficiência também podem solicitar o transporte eficiente. Contudo, o acesso só acontece para 25% dos usuários. De acordo com o levantamento da empresa Transportta para a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (STRANS), dos 2 mil usuários elegíveis em Teresina, apenas 400 fazem uso do recurso mensalmente.

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Camila Santos

Graduanda em jornalismo na Universidade Federal do Piauí.

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