“Não gostam” ou “não querem” foram as principais motivações apontadas por adolescentes e jovens de 15 a 24 anos para não praticar esportes, segundo dados do Atlas da Juventude (2020), divulgados neste ano. Ainda conforme o estudo, é durante a juventude que se pratica mais esportes, no entanto, também são os jovens que mais abandonam o hábito que até os 34 anos deixam completamente de praticar atividades esportivas.
Falta de tempo por conta dos estudos e trabalho foram cerca de 68,8% das queixas relatadas pelos jovens que participaram da pesquisa. O estudante Airton Costa, de 22 anos, faz parte dessa estatística. Antes de entrar na universidade, praticava ciclismo com um grupo de amigos no período da noite. As aulas integrais do curso de Engenharia Elétrica tomavam todo o seu dia. Quando chegava à noite em casa e cansado da rotina universitária, pedalar se tornava mais esforço do que prazer. “Quando comecei a estagiar ficou ainda pior. Passava o dia na universidade e depois ia para o escritório, ficava com a cabeça e corpo pesados. Minha bicicleta está há quase um ano guardada”, lamenta.
Para o professor Emídio Matos, os dados do Atlas da Juventude revelam aquilo que as suas pesquisas apontam como “epidemia do comportamento sedentário”. O termo faz referência à combinação de dois principais fatores que desestimulam os jovens a praticarem esportes: as rotinas estressantes e cansativas e a arquitetura das cidades em que os espaços esportivos não são preservados.
Segundo o pesquisador, o problema do abandono dos jovens para práticas esportivas não está apenas relacionado ao lazer. A falta de segurança em academias públicas, rampas, ginásios e quadras afasta as comunidades de praticarem esportes. Além disso, o corte das cargas horárias das disciplinas de Educação Física estimulam que mais crianças e adolescentes se tornem adultos sedentários. “O sumiço dos jovens das práticas esportivas é um problema social”, acrescenta.
Como solução, estimular o esporte desvinculado à ideia de competição e perfeição seria o primeiro passo para evitar o desinteresse dos jovens por esse tipo de atividade. Além disso, a criação de projetos para atrair a juventude dentro de escolas e universidades trariam retornos positivos para a saúde física e mental dos estudantes.
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