As mulheres negras são as mais afetadas pelas desigualdades na sociedade. Os índices do Monitor da Violência apontam que, em 2020, 3 a cada 4 mulheres vítimas de homicídio eram negras, o que corresponde a 75% dessas vítimas no Brasil. Ao se considerar o contexto trabalhista, as mulheres negras, historicamente, ocupam posições inferiores. No mercado de trabalho, o 1º trimestre de 2021foi marcado pela desocupação, subocupação e subutilização da força de trabalho ampliada dessas mulheres – dados que reforçam a maior precarização de seus trabalhos.
Sendo mais expostas à precarização e a violência, a luta para uma mudança da realidade desse grupo é uma pauta constante nos debates e reivindicações sociais, sobretudo dentro do movimento. “Não há preocupação de uma política efetiva para combater a morte de mulheres e diminuir esse problema”, aponta Halda Regina, militante do movimento negro.
Para pensar essas e outras questões de forma mais articulada, em 2013, o Odara – Instituto da Mulher Negra em conjunto da Rede de Mulheres do Nordeste – lançou o Julho das Pretas. Celebrado neste domingo, 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e Dia de Tereza de Benguela, tem o objetivo de construir uma agenda conjunta com organizações e movimentos de mulheres negras do Brasil, para fortalecer a ação política coletiva e autônoma. Esse ano, as ações têm como lema “Para o Brasil genocida, mulheres negras apontam a solução”.
No Piauí, além dos eventos que marcam a data – com destaque ao III Encontro de Mulheres Negras, ocorrido entre os dias 14 e 17 de julho – oficializou-se também a Rede de Mulheres Negras do Piauí, que já atuava na construção e fortalecimento da luta do movimento de mulheres negras no estado. A programação conta com ações neste sábado e domingo e pode ser acompanhada pelo perfil do movimento.
Para Halda Regina, que também é presidente do Instituto Ayabás – Instituto da Mulher Negra do Piauí, os diálogos que surgem ao longo do mês, são pautas do ano inteiro para mulheres que estão na luta de enfrentamento da violência. “Essa é uma pauta do movimento, uma agenda política onde queremos protagonizar as mulheres negras e também fortalecer esses debates para que possamos ter consciência dos nossos diretos”, explica.
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