A maioria dos estudantes brasileiros defende o retorno das aulas por meio do sistema de ensino no formato gradual e híbrido, ou seja, mesclando o retorno presencial em alguns dias da semana e o ensino remoto nos demais. O dado é resultado do levantamento realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), divulgado nesta terça-feira (10), e que revela que a maioria dos universitários, apesar da pandemia de Covid-19, prefere voltar às atividades presenciais, dando prioridade às aulas práticas.
De acordo com a pesquisa, 55% dos entrevistados – estudantes matriculados em cursos presenciais de instituições de ensino superior privadas – preferem o modelo híbrido. Entre eles, 38% acreditam que essa modalidade de ensino deve ser opção para todas as disciplinas.
O levantamento também aponta que 84% dos alunos entrevistados afirmam que vão renovar a matrícula para o segundo semestre de 2021 e apenas 1% declarou que não continuará os estudos. O principal motivo apontado foi a perda de renda.
Entre os entrevistados que já foram vacinados contra o novo coronavírus, pelo menos com a primeira dose, 43% afirmaram preferir que todas as aulas sejam escalonadas, já os outros 47% apontaram que apenas as aulas práticas devem fazer parte do cronograma. Entre os entrevistados que ainda não foram imunizados, esses percentuais são de 34% e 56%, respectivamente.
No Piauí, universidades públicas seguem com ensino remoto
No Piauí, as universidades públicas ainda seguem com o modelo remoto. A Universidade Estadual do Piauí (UESPI) informou, por meio de sua assessoria, que seguirá, por enquanto, no modelo remoto. “Vamos finalizar 2020.2 em setembro, seguindo o calendário; 2021.1, que começa em novembro, mas ainda será remoto. Ainda não há uma pauta sobre retorno presencial”, informa.
A Universidade Federal do Piauí (UFPI) só inicia o período 2021.01 no dia 25 de agosto e será encerrado em 26 de novembro. As atividades seguirão o modelo remoto, mas com a possibilidade de flexibilização, em decisão que cabe aos colegiados dos cursos.
O Instituto Federal do Piauí (IFPI) também informou que atualmente o formato de ensino da instituição é o remoto, para evitar o contágio por Covid-19, sendo que o instituto começou o semestre 2021.1 em maio e vai iniciar o período 2021.2 no dia 26 de outubro, encerrando em 2022.
Algumas faculdades particulares já estão retornando as aulas do semestre 2021.2 com ensino de forma híbrida (disciplinas teóricas em regime remoto e disciplinas práticas podendo acontecer em formato presencial), como é o caso da UNINOVAFAPI, da UniFSA e outras instituições que deram início as aulas no início deste mês.
O estudante de psicologia, Djair Silva, de 37 anos, relata que sente muita falta das aulas presenciais na faculdade. “O ensino é melhor, a gente tem contato com os colegas de classe, com os professores. Sinto falta de tudo, dos trabalhos em grupo, dos seminários. Tento absorver o máximo por meio do ensino virtual, mas sei que aprendi melhor com as aulas presenciais”, destaca.
Um relato parecido foi feito pela estudante de Direito, Giovana Lima, de 27 anos, que diz não ver a hora de voltar para a sala de aula. “Me sinto até desmotivada para assistir aula on-line. Sinto que fui prejudicada com relação à aprendizagem”, destaca.
Especialista defende o avanço da vacinação em profissionais da educação e estudantes
A Secretaria Estadual de Saúde (SESAPI) publicou, no dia 29 de julho, um parecer técnico com diversas recomendações sobre o retorno das aulas presenciais em toda a rede pública e privada de ensino, onde também deixa a critério dos pais ou responsáveis pelos estudantes a opção pela modalidade de ensino.
Para o professor doutor e pesquisador em Saúde Pública, Emídio Matos, a vacinação dos estudantes que terão aulas práticas e a antecipação da aplicação da segunda dose em profissionais da educação é um dos caminhos para o retorno das aulas. “O estado ainda não atingiu os valores que a UNESCO coloca como valores seguros para retorno, mas é preciso equilibrar os riscos de infecção e o risco do prejuízo à educação. O ideal é que se antecipe a aplicação da segunda dose aos profissionais da educação e que se vacine aqueles alunos que terão aulas práticas. Ainda vai demorar a chegada do fim da pandemia, mas avalio que é preciso encontrar meios de ir retornando e mantendo a segurança das pessoas”, cita.
Ele também faz um alerta em relação aos jovens estudantes que possuem comorbidades. “O que me preocupa, particularmente, são os adolescentes com comorbidades. É preciso avançar na vacinação desses adolescentes. Se isso acontecer é mais um caminho para que tenhamos mais segurança nesse retorno das aulas”, finaliza.
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