Entre 2015 e o primeiro semestre de 2022, 145 mulheres foram mortas em Teresina de maneira violenta e intencional, sendo 51 em decorrência de feminicídio. Essa estimativa se encontra no boletim “Violência letal contra mulheres em Teresina”, divulgado pela prefeitura através da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres (SMPM). O documento foi lançado no último dia 2 de dezembro. O estudo foi realizado pelo Observatório Mulher Teresina (OMT).
As mulheres negras totalizam cerca de 71,43% dos casos, e 60% nas demais mortes violentas intencionais. O levantamento afirma que, a cada 10 mulheres mortas por feminicídio, aproximadamente sete eram negras. Em recorte nacional, os dados também se assemelham: mulheres negras corresponderam a 62% das vítimas de feminicídio no Brasil.
Considerando o estado civil das vítimas, em Teresina, 71% dos casos de feminicídio e 65% nas demais mortes violentas (MVI) foram de mulheres que não estavam em nenhum tipo de relacionamento. Apesar da maior estimativa ser contra mulheres sem relacionamento, divorciadas ou viúvas, o status de relacionamento não é sinônimo de proteção e segurança para as mulheres. De 2021 ao primeiro semestre de 2022, 50% dos casos de feminicídio foram praticados por companheiro ou ex-companheiro.
A desigualdade econômica também foi levantada pela pesquisa. O estudo mostra que 27,7% das mulheres que sofreram feminicídio estavam desempregadas. Em contraste, 45% dos autores possuíam uma ocupação profissional remunerada. Para a técnica do OMT, Suzianne Santos, a faixa etária é um indicador importante a ser analisado. “Nas demais mortes violentas intencionais observamos uma predominância do assassinato de mulheres jovens”, comentou. “Já no feminicídio, predomina a faixa etária de mulheres adultas negras”, explica.
O principal instrumento utilizado contra as mulheres foi a arma de fogo. A cada 10 mulheres assassinadas por feminicídio ou outras mortes violentas intencionais, cinco foram executadas por uso de arma de fogo. A facilidade ao acesso à arma contribui para a estatística. Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública deste ano revelaram que, nos últimos quatros anos, o número de armas de fogo com registros no Sistema Nacional de Armas (Sinarm) cresceu cerca de 156% no Piauí.
Leia mais: Capital piauiense é uma das 50 cidades mais violentas do mundo, aponta estudo
0 comentário