O aumento contínuo dos preços tem afetado diretamente a população. A inflação tem crescido a cada mês, como revela dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última pesquisa. Em julho deste ano, houve um crescimento de 0,96%, quase o dobro do mês anterior. Ainda segundo os dados, nos últimos doze meses foi registrado um acúmulo de 8,99%.
De acordo com a economista Elinne Val, energia, gás de cozinha, combustíveis e alimentos têm sido os itens mais afetados, aumentando em mais de 30% no último ano. A especialista explica que um dos principais fatores desse aumento inflacionário deve-se à pandemia da Covid-19, uma vez que houve choque de oferta e redução da produção. No entanto, com o retorno gradual do comércio, a demanda aumentou em uma velocidade superior à da produção. “A gente tem hoje uma oferta que cresce mais lentamente do que a demanda. Ou seja, temos mais pessoas procurando produtos e serviços do que a economia está sendo capaz de oferecer”, diz.
A condição climática também impacta na alta dos preços, principalmente dos alimentos, seja pela estiagem ou excesso de chuvas desregulada em vários lugares do país. Com a queda na produção interna, há um encarecimento dos itens, que afeta diretamente no combustível. Segundo a economista Elinne, o impacto no transporte e alimentos é simultâneo, tendo em vista que a alta dos combustíveis dificulta a distribuição de comida no país.
A economista ressalta que a alta do dólar é decorrente da menor circulação da moeda no país, que provoca o encarecimento da matéria prima de combustíveis no país. Com isso, os produtores desse tipo de matéria prima preferem vender para fora do Brasil para serem melhor remunerados, o que diminui a oferta interna. “A alta do dólar afeta a produção de combustível que logo aumenta uma série de itens essenciais, como alimento, gasolina e habitação. Todo esse universo econômico é interligado e a cada alteração há uma reação nos preços”, destaca Eline.
Soluções para o fim da crise
O aumento dos preços provoca dúvidas na população sobre como e quando a inflação se resolverá. De acordo com Eline, uma das principais “políticas antiinflacionárias” para conter o aumento dos preços é desestimulando o consumo. No entanto, é preciso que o país tenha estabilidade – sanitária e econômica – para que investidores sintam-se seguros em deixar dinheiro no país. Sem segurança para os empreendedores criarem e construírem negócios, há uma baixa geração de emprego e consumo para cobrir a alta demanda de produtos.
Ações efetivas por parte do governo são um dos caminhos para driblar a alta inflação, como incentivo aos biocombustíveis para poder substituir, parcial ou totalmente, combustíveis derivados de petróleo e gás natural. Além de transparência e responsabilidade fiscal, fazendo com que os gastos feitos com dinheiro público sejam destinados para ações de qualidade para economizar recursos.
A conscientização da população também é importante para conter a inflação, principalmente por um viés ambiental. De acordo com Elinne, as ações individuais são de baixo impacto, mas importantes para colaborar com a economia a longo prazo, como reduzir o consumo de energia elétrica dentro de casa, planejar o trajeto do trabalho para conter o gasto com gasolina ou substituir o transporte a combustível. “Essas práticas são sentidas primeiramente à nível pessoal, como redução nas contas, mas contribuem para a contenção dos recursos e regulação do cenário econômico”, frisa.
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