Segundo dados da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), entre julho de 2020 e 2021, houve um aumento de mais de 50% nos sistemas instalados em todo o Brasil. Entretanto, apesar das facilidades de financiamento, a alternativa ainda é inacessível para a população de baixa renda. A ABGD aponta que haviam cerca de 268.504 mil conexões por placas solares no Brasil e em torno de um ano, o número subiu para 545.131, das quais 15 mil estão sediadas no Piauí.
Com o aumento da conta de luz e energia e chegada da época mais quente do ano nos meses de setembro, outubro e novembro – conhecido como “b-r-ó bró” – , o investimento em placas solares têm aumentado de forma exponencial no Piauí. É o caso do analista em Tecnologia da Informação (TI), Augusto Carvalho e sua família, que devido as altas contas de luz e energia, procuraram as placas fotovoltaicas para abarcar quatro casas da família, que abrigam entre quatro a sete moradores, além de uma propriedade na zona rural do Maranhão. “Nossas contas chegavam em torno de 800$ a 1000$, agora, ficam abaixo de 200$”, diz.
O empresário Thiago Luz, dono de uma empresa de energia solar no Piauí, explica que com a procura nos últimos meses, os preços tiveram uma melhoria. Ele detalha que quando alguém se interessa em investir, é realizado um dimensionamento na cultura de consumo de cada interessado. Residências que consomem entre 500 a 100 quilowatt-hora, gastam em torno de 30$ a 50 mil reais. O valor, mesmo financiado, ainda é inacessível para população mais pobre e carente.
Para o pesquisador em Engenharia Elétrica, Dionatas Alves, ainda há pouco esclarecimento por parte dos financiamentos para acessar a população de baixa renda, o que faz que interessados optem pelas parcelas com preços semelhantes aos das contas de luz e energia. Apesar de haver facilidade no crédito e parcelas brandas, que chegam até 120 meses, seria necessário que Governo Federal, Estados e municípios, junto às empresas, pudessem criar subsídios para cobrir parte dos valores ofertados.
“O financiamento ainda é uma alternativa, mas o que pode ser criado à nível de política pública é uma articulação para tornar o custo dos equipamentos mais baratos ou o governo entrar com o pagamento de uma porcentagem considerável das parcelas”, sugere Dionata.
Câmara aprova taxa para consumidores
Foi aprovado recentemente o PL 5829/19 pela Câmara dos Deputados que estabelece uma tarifa pelos usos de fios de distribuição de energia e painéis solares para consumidores que produzem fontes de energia renováveis. A proposta manteve que projetos protocolados até doze meses após a publicação da lei tenham isenção dos encargos, porém, para novos projetos, será cobrado as taxas gradativamente a partir de 2023 e pagos integralmente até 2029.
Por conta disso, o pesquisador em energias renováveis, Juan Mendes pontua a necessidade da correta divulgação da lei de forma imediata. Isso porque, nos próximos 12 meses, haverá uma procura muito alta dos consumidores para obter a isenção até 2045. Neste período, segundo ele, é necessário que o poder público acelere programas de financiamento para convocar a população de classe média e baixa possa fazer parte da isenção
O pesquisador Juan ainda explica que o Piauí é um dos estados que mais se destacam na recepção de tecnologias para a energia solar, mas ainda precisa de uma melhoria na estrutura de pesquisa. Atualmente, por meio do Núcleo de Pesquisa e Formação em Energias Renováveis (Nupefe), pesquisadores de várias instituições estão se capacitando por meio de pesquisas para estudar energias limpas no Estado. “Cada vez mais os países da América Latina aderem às novas formas de energia e isso faz com que tenha mais entrada de novos profissionais e investimento, gerando emprego na área no Piauí”, declarou.
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