Em 2020, no Brasil, houve um crescimento de 4% na taxa de Mortes Violentas Intencionais (MVI) em comparação ao ano anterior. O país voltou para o patamar que ocupou em 2011, após o pico de violência letal nos anos de 2016 e 2017. “A taxa de mortes violentas intencionais no Brasil foi de 23,6 por 100 mil habitantes em 2020. No ano passado, o país não só teve que conviver com a dor das milhares de mortes por Covid-19, mas com a retomada do crescimento das MVI”, aponta o anuário. A categoria MVI soma homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais.
Ao se considerar os estados, o maior crescimento foi observado no Ceará (75,1%), seguido pelo Maranhão (30,2%), Paraíba (23,1%) e Piauí (20,1%). Ao todo, 16 unidades federativas tiveram aumento da violência letal no último ano, que inclui todos os estados do Nordeste. A taxa da região atingiu 38,4, em seguida, vêm a região Norte (30,2) e o Centro-Oeste (24,8). As três regiões superam a média nacional, de 23,6.
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Segundo especialistas ouvidos pelo anuário, esse aumento pode estar relacionado às dinâmicas de grupos criminosos organizados, em razão da redução de circulação de pessoas e a redução dos crimes contra o patrimônio no país. “Por outro lado, no contexto da pandemia e isolamento social houve piora das condições econômicas e crescimento do desemprego, bem como piora da saúde mental da população, que podem indiretamente agravar a curva da violência letal”, acrescenta o texto.
Quanto ao aumento de MVI no Piauí, o documento considera que pode ter relação a liberação de presos em razão da pandemia, visto que a curva ascendente na taxa de homicídios no estado coincide com esse período. No estado, os municípios de Teresina (34,4) e Parnaíba (26,7), que possuem população igual ou superior a 100 mil habitantes, tiveram taxas de Mortes Violentas Intencionais superiores à média nacional, que é de 23,6.
Ao se considerar apenas as taxas referentes aos homicídios dolosos, o Piauí registrou uma variação de 22,1% entre 2019 e 2020, o que colocou o estado como o terceiro do país com maior variação, ficando atrás do Ceará (79%) e do Maranhão (31%).
Destaca-se que em relação ao perfil da vítima, este se mantém equivalente ao observado em anos anteriores: há uma predominância de homens (98,4%) e de pessoas negras (75,8%). Quanto à idade, em 2020, 29,8% das vítimas tinham entre 18 e 24 anos; seguido da faixa etária de 25 a 29 anos, que corresponde a 17,7%.
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