Matéria exibida na edição deste domingo do Fantástico, na Rede Globo, mostrou a situação do solo no município de Gilbués, localizado 772 quilômetros de Teresina, no Sul do estado. A reportagem que abordou os dados apresentados pelo MapBiomas, cita que o município vem sofrendo com os efeitos e tem uma enorme área seca que se estende.
O Brasil possui, ao total, seis núcleos de desertificação oficialmente reconhecidos pelo Estado e objeto de estudos da Organização das Nações Unidas (ONU), todos se encontram na região Nordeste: Irauçuba (Ceará), Seridó (Rio Grande do Norte), Cabrobó (Pernambuco), Cariris Velho (Paraíba), Sertão do São Francisco (Bahia) e Gilbués (PI), que é considerado um dos mais graves neste processo.
O total de áreas degradadas, 7.759,56 km², de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), atinge 15 municípios do Piauí, tendo em Gilbués (PI) o seu epicentro. Vale destacar que Gilbués está ao lado do Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba e, caso essa desertificação siga se expandindo, vai colocar em risco o abastecimento de água de milhares de pessoas e impactar ainda mais as atividades econômicas na região.
Em três décadas, país perdeu 15,7% da superfície de água
O Brasil está ficando cada vez mais seco, com plantações afetadas e sertão com aparência de deserto. Este está se tornando o novo cenário do país que possui cerca de 12% das reservas de água doce do planeta. Os dados são provenientes do MapBiomas Água, ferramenta do MapBiomas lançada neste domingo (22) e mostra que, em pouco mais de três décadas, o país já perdeu mais de 3 milhões de hectares em superfície coberta de água.
O levantamento mostra que, nas últimas três décadas, o Brasil perdeu cerca de 15,7% da superfície de água que possuía, o equivalente a 3,1 milhões de hectares. Com isso, todos os biomas apresentaram perdas, mas a situação mais preocupante é do Pantanal, que já demonstra uma redução de 74% da superfície de água.
Ainda de acordo com o estudo, em 1991, a superfície coberta por água do Brasil era de 19,7 milhões de hectares, o que diminuiu para 16,6 milhões de hectares no ano passado. Demonstrando uma redução de 15,7% no país. O estudo foi realizado a partir de imagens de satélites e com auxílio de inteligência artificial, que permitiram aos pesquisadores mapear a dinâmica mensal e anual dos corpos d’água superficiais do Brasil, desde 1985.
Os pesquisadores da equipe MapBiomas revelam que as mudanças no uso e cobertura da terra, construção de barragens e de hidrelétricas, poluição e uso excessivo dos recursos hídricos para a produção de bens e serviços alteraram a qualidade e disponibilidade da água em todos os biomas brasileiros. Ao mesmo tempo, secas extremas e inundações associadas às mudanças climáticas aumentaram a pressão sobre os corpos e ecossistemas aquáticos.
Além dos dados revelados pelo MapBiomas, um estudo publicado pela Agência FAPESP, também citou as principais mudanças climáticas que podem ocorrer nos biomas brasileiros nas próximas décadas. “Haverá aumento gradativo e variável da temperatura média em todas as regiões do país entre 1 ºC e 6 ºC até 2100, em comparação à registrada no fim do século 20”, diz o levantamento.
A temperatura da Caatinga também deverá aumentar progressivamente até o final do século, entre 3,5 ºC e 4,5 ºC e a ocorrência de chuva deve diminuir entre 40% e 50%. Tais mudanças podem desencadear o processo de desertificação do bioma. Por sua vez, a temperatura no Cerrado deverá aumentar entre 5 ºC e 5,5 ºC e as chuvas diminuirão entre 35% e 45% no bioma até 2100.
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