Em 2020, o Piauí foi o segundo estado do nordeste com maior número de resgates de trabalho análogo à escravidão, segundo o Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas.
Entre os anos de 1995 e 2020 foram realizados 1.274 resgates no Piauí. No Brasil, no mesmo recorte temporal, foram 53.378 mil pessoas resgatadas em condições análogas à escravidão .
No ano passado, a Bahia foi o estado com maior índice, com 70 resgates, seguida pelo Piauí (44), Maranhão (35) e Pernambuco (10). Os demais estados da região Nordeste não possuem indicativos no panorama geral. Entre os setores econômicos com maior registro de casos no ano passado estão a produção florestal e a produção de produtos cerâmicos.
Entre os municípios piauienses, Piracuruca foi o que apresentou maior números de casos, com 19 resgates em 2020. Em seguida vem Alvorada do Gurguéia (15), Barras (19) e Parnaíba (1). Para a pesquisa, os locais com maior intensidade de resgates devem ser prioritários para as inspeções, como também as operações de fiscalização para a erradicação de trabalho sem as condições necessárias.
De modo geral, as regiões com maior incidência são marcadas por fatores de desigualdade como baixa escolaridade, violência e pobreza. Nos pontos em que se concentram os resgates há demanda de mão-de-obra barata e atividade econômica produtiva, mas com predominância de baixos salários e exigência de pouca ou nenhuma qualificação profissional.
O procurador do Ministério Público do Trabalho Edno Carvalho diz que o órgão tem sucesso na punição dos casos, embora faltem iniciativas para prevenir as explorações. “Hoje temos uma política pública repressiva que é eficiente no que diz respeito ao resgate de trabalhadores, mas estamos sendo ineficientes no que diz respeito à prevenção”, avalia, pontuando a inexistência de políticas preventivas federais, estaduais e municipais.
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