Ao som de Racionais, uma aparição se movimenta em Teresina. É imperceptível, e esconde o seu rosto embaixo de um chapéu preto com longas tiras da mesma cor. A aparição, na verdade, é um corpo negro que dança, atua e vive. Ele segue um fluxo diferente dos demais, fugindo da materialidade. A performance, intitulada “Aparições”, faz parte do Festival Pretaforma, evento que acontece até 4 de julho na capital piauiense.
A obra “Aparições” incorpora danças folclóricas e representa a relação de passagem do artista Kassyo Leal por Teresina – desde a Escola Estadual de Dança Lenir Argento, espaço onde é professor de dança, até a Casa da Cultura, patrimônio histórico da cidade que, em outros tempos, era moradia de Barão de Gurgueia, um dos maiores escravistas do estado. A performance é apenas uma das diversas expressões artísticas desenvolvidas por pessoas pretas através da plataforma Pretaforma – festival que, em sua primeira edição, reúne jovens pretos no centro do palco.
Daline Ribeiro, curadora do evento, evidencia que o projeto surgiu para incentivar o consumo de obras por pessoas autodeclaradas pretas para além do eixo Sul-Sudeste do Brasil. “Os jovens pretos vão entender que existe um contexto em que suas artes serão consumidas, debatidas e enaltecidas”, pontua.
O Pretaforma é totalmente gratuito e acontece online. Na programação, exibição de obras de dança, teatro, artes visuais, audiovisual, música, além de ações formativas sobre a cultura negra. Para acompanhar, acesse o site clicando aqui.
O Festival também mostra como os artistas se adaptaram ao meio tecnológico. A exemplo da obra Aparições, citada no início da matéria, uma videodança, um produto artístico híbrido que mistura audiovisual e dança e é o primeiro do profissional Kassyo Leal. “Tivemos que nos adaptar a esse novo meio de pensar dança, de fazer dança. A gente investiga e vê como se colocar nesses espaços”, finaliza o artista.
A programação do evento pode ser acessada clicando aqui.
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