Na noite do último domingo (16), alguns sites de órgãos do governo do estado foram invadidos pela ação de hackers. Os sites da Polícia Militar e Civil do Piauí, da Junta Comercial do Estado do Piauí (Jucepi) e do Diário Oficial do Estado do Piauí tiveram suas home page (página inicial) invadidas e modificadas. Ao buscar o site da Polícia Civil do Piauí na internet a seguinte mensagem invadia a tela: “ATI e sites do Governo do Piauí hackeados”.
A pandemia acelerou a digitalização de muitos processos e, investir em cibersegurança passou a ser vital tanto para o setor público quanto privado. Paralelo ao aumento de transações digitais, as fraudes e os problemas de cibersegurança também crescem. De acordo com Mário*, profissional da tecnologia da informação, todas as instituições, públicas e privadas, estão suscetíveis a esse tipo de ataques. “A cibersegurança é importante não só para os governos, mas também para nós enquanto usuários da tecnologia”, afirma.
A Agência de Tecnologia da Informação do Estado do Piauí (ATI) informou que os hackers realizaram uma “pichação” da página – que é quando pessoas mal intencionadas realizam alterações em páginas da web. “O acesso resumiu-se a ‘pichação’ da página, não tendo alcance e impacto em outros servidores nem perda de dados”, informou através de nota.
Mário* explica que esse tipo de ação realmente não afeta os dados do sistema, apenas altera o layout da página – de forma mais simples ele acessa apenas a primeira camada do site. Mas o episódio alerta para os cuidados. “Nada impede que um hacker mais experiente identifique a vulnerabilidade do site e consiga entrar em uma camada mais profunda”, ressaltou.
Alerta de vulnerabilidade
Em 2020, no Brasil, os sistemas do Superior Tribunal de Justiça, Ministério da Saúde e do Distrito Federal sofreram com a ação de hackers. Em dezembro do ano passado, criminosos invadiram sites do Sistema Único de Saúde (SUS), Conecte SUS (responsável pelos dados de vacinação da população brasileira), Polícia Rodoviária Federal, Ministério da Economia, Controladoria Geral da União (CGU) e Instituto Federal do Paraná.
Para Mário*, não só o Piauí como o Brasil, negligenciam a defesa cibernética. O profissional de T.I conta que, em 2014, quando esteve trabalhando em uma empresa em conjunto com a ATI, a equipe era bastante reduzida e havia pouco investimento. “O mínimo que se espera hoje de técnicos somente para a parte de segurança é seis funcionários, mas que não tivessem outras atribuições”, observa.
De acordo com o diretor-geral da Agência de Tecnologia da Informação do Piauí (ATI), Antônio Torres, atualmente apenas uma pessoa trabalha na função de segurança tecnológica.
O senador Esperidião Amin (PP-SC) foi relator da avaliação da política de defesa cibernética conduzida pelo governo brasileiro em 2020. Para ele, o Brasil vive um quadro dramático, que expõe o país a enormes riscos. O relatório destaca que o Plano Plurianual 2020-2023 nem sequer menciona a área de defesa cibernética – e a proposta orçamentária para 2020 destina só R$ 19 milhões para o setor. O órgão de Comando de Defesa Cibernética calcula que precisaria de pelo menos R$ 60 milhões para implantar e modernizar um modelo capaz de atender as necessidades do país.
No Piauí, o diretor geral afirma que a ATI encontra-se em fase de migração de todos os portais do governo para um novo ambiente, mais seguro e atualizado. Ele disse ainda que, atualmente, oito portais já se encontram no novo formato e que não tiveram nenhum impacto com a ação.
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