O desejo de comer língua de boi durante a gravidez fez o marido de Catirina cortar a língua de um dos gados do patrão, conta a lenda do bumba-meu-boi. A desobediência das normas e o enfrentamento de barreiras são a essência de Catirina, projeto que mapeia mulheres na arte em Teresina.
O mapeamento é composto de profissionais que atuam no setor cultural da capital. A ideia é traçar um perfil demográfico das artistas, o que fazem e como fazem arte em Teresina para fortalecer a cena cultural movida pelo gênero feminino. Ao todo, cerca de 100 mulheres teresinenses terão seus trabalhos divulgados na página do mapeamento @projetocatirinas, pelo Instagram. A divulgação do levantamento iniciou no último 8 de março, Dia Internacional da Mulher, e segue por tempo indeterminado, através de redes sociais.
Layane Holanda, diretora artística do projeto, explica que o mapa conta com artistas visuais, artesãs, bordadeiras, cantoras, musicistas, contadoras de histórias, dançarinas, atrizes, palhaças e multiartistas – mulheres que transitam em mais de um formato de arte. “Teresina é feita de uma cena cultural com muitas mulheres”, observa Holanda. “Trazer esse olhar para os corpos que estão se movendo e transformando seu entorno é dar um olhar de valorização para um setor econômico e valorizar essa cadeia produtiva formada por mulheres”, complementa.
A diretora aponta que, regionalmente, há uma ausência de aprovação de editais em projetos culturais e propostas femininas. Por isso, pensar a mulher no campo da arte é um assunto que move uma estrutura de gênero em Teresina. Portanto, o Catirinas apresenta a reflexão da arte feita por mulheres não apenas como um hobbie, mas uma profissão que demanda estudo, capacitação e esforço.
Ainda em abril, será disponibilizado um cadastro e indicação de mulheres para a população. O objetivo é permitir que outras pessoas, ou mulheres, se autoindiquem, para trazer histórias ancestrais, antes das redes sociais. Soraya Portela, diretora artística, aponta que a ideia é abrir espaços intergeracionais e ampliar o debate de valorizar questões poéticas e processos criativos.
“A arte não está somente em quem abre um show, quem faz um espetáculo, ou aparece no cartaz”, frisa. “Existe uma série de mulheres trabalhando e articulando possibilidades artísticas dentro e fora da capital promovendo que a arte continue acontecendo”, finaliza Soraya.
O projeto Catirinas conta com apoio da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves – FMCMC. O incentivo é sustentado pela Lei Aldir Blanc e Governo Federal, através do Edital Prêmio Lei Aldir Blanc Teresina. A direção artística é produzida pelo Canteiro Teresina.
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