O professor de filosofia política e ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro foi eleito presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC – para o biênio 2021-2023. O resultado da votação, que aconteceu online durante quase todo o mês de junho, foi divulgado ontem (21). 1.914 votantes participaram da eleição, no maior comparecimento desde 2009.
Janine, professor da USP, superou o neurocientista Carlos Alexandre Netto, ex-reitor da UFRGS (1.205 votos contra 617). A socióloga Fernanda Sobral, professora aposentada da UnB, foi eleita vice-presidente, além do físico Paulo Artaxo, também da USP. A secretaria-geral, os três cargos de secretários e as duas vagas de tesoureiros também serão preenchidas, pela primeira vez, por pesquisadoras mulheres.
Renato Janine foi o entrevistado da estreia de O Estado do Piauí. Em conversa por telefone nesta quarta-feira (22), ele comentou como recebeu a notícia da eleição: “O momento é difícil, por tudo que estamos vivendo no Brasil”, diz comentando os cortes de verbas para investimentos em ciência e tecnologia no país. “Mas vamos formar uma equipe com gente disposta a trabalhar no coletivo pela educação”.
Para o novo presidente da instituição, a SBPC junta sete causas importantes que não podem ser articuladas em separado: ciência, educação, cultura, meio ambiente, tecnologia, saúde e inclusão social. “A ciência é muito importante para o desenvolvimento econômico”, diz criticando o discurso proveniente do governo Trump e em ressonância no Brasil, onde ciência e economia parecem caminhar em paralelo. “Países que estão saindo fortes da pandemia, como a China, fizeram exatamente o contrário”, afirma.
A nova diretoria do órgão – o principal congregador da comunidade científica do país, com mais de três mil sócios – terá à frente um defensor de políticas públicas baseadas em pesquisas e evidências científicas – e que acredita que esta é a saída para superar efeitos drásticos da pandemia no país. Os discursos negacionistas e os cortes na educação fazem Janine dar o veredicto: “O Brasil precisa parar de caminhar para trás”.
0 comentário