sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Rotina com a pele influencia consumidores e atrai mercado

Entre skincare, procedimentos estéticos e produtos naturais, lojas e perfis nas redes sociais voltam seu conteúdo para o autocuidado

05 de julho de 2021

O Brasil é o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo. Atrás apenas dos EUA, China e Japão, o setor foi responsável por 30 bilhões de dólares somente em 2018, de acordo com o Euromonitor Internacional.

Aliado a isso, a presença de procedimentos estéticos é também cada vez mais comum, o que demonstra que a população está priorizando o cuidado estético com a pele. A vaidade também alimenta o mercado da beleza. Com pesquisa divulgada em 2020, o Brasil foi o país que mais fez cirurgias plásticas em 2019, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica  Estética (ISAPS), com quase 1,5 milhão de procedimentos estéticos. 

Para Daniela Quadros, gestora de uma clínica de procedimentos estéticos em Teresina, a cidade tem um público muito interessado em cuidados com a pele. Isso a levou a abrir a franquia da maior rede  de harmonização facial do país na capital piauiense. O interesse, a curiosidade e a procura foram grandes, principalmente pelo Botox e preenchimentos de bigode chinês e labial”, comenta.

Mesmo com o espaço funcionando em horários reduzidos, em razão das restrições de funcionamento do comércio, Daniela afirma que o movimento da clínica vem aumentando. “Durante os mais de seis meses de funcionamento, temos notado que o interesse do público é grande, principalmente o feminino, que é mais de 90% do nosso público, apesar de os homens estarem cada vez mais buscando esses procedimentos também”, explica. 

 

Perfis nas redes sociais compartilham dicas de cuidado com a pele

O skincare diário rende resultados para a pele e para o mercado. No último ano, a palavra skincare, que significa cuidado com a pele, foi um dos termos mais procurados na internet, segundo o Google Trends, que também aponta que o Piauí é o 11º estado do país mais interessado no assunto.

A advogada Amanda de Melo, teresinense que recentemente mudou-se para Palmas (TO), compartilha o seu ritual de cuidados por meio de sua página Skincare do Piauí. A jovem de 27 anos conta que o cuidado com a pele surgiu desde os 12 anos, entre o uso de hidratantes e ácidos para pele para melhorar a acne,  por conta do histórico genético da família. “Eu pesquisei muito a minha vida toda. Substâncias como a melaleuca, ácido salicílico, ácido hialurônico, ceramidas. Queria saber o que isso iria beneficiar a minha pele”, comenta. “Também fui muito curiosa. Além de pesquisar, sempre falei muito com as minhas dermatologistas”, acrescenta.

Para ela, o autocuidado envolve uma série de rituais. “É tirar um tempo para a gente, passar uns creminhos, colocar uma música, uma vela perfumada no quarto, tomar um vinho e colocar um roupão”, explica. Mas vai além disso. “Envolve também se alienar da realidade, ler um livro, fazer terapia, uma jardinagem, carinho no cachorro, olhar o pôr do sol”, exemplifica.

No perfil que compartilha sua rotina de cuidados, é apelidada pelos seguidores de guru da skincare devido a atenção dada pela advogada a eles diariamente na rede, em que ela responde sobre o uso variados dos produtos para pele. Em razão disso, acabou construindo uma rede de confiança com seu público que, ao notarem sua ausência durante a pandemia, logo pediram para que ela regressasse com as postagens.

Ao comentar sobre o aumento da procura por cuidados com a pele, Amanda avalia de forma positiva. “Por um lado é bom porque as pessoas estão começando a se olhar, a se cuidar”, comenta. 

 

O cuidado natural

Para os próximos cinco anos, de acordo com a empresa de pesquisa Euromonitor International, a indústria de beleza deverá se reinventar e criar caminhos norteados pelo potencial digital, posicionamentos éticos e atributos orgânicos e naturais.

O aumento da procura, no entanto, já é sentido por Paula Nunes, farmacêutica, pesquisadora de plantas medicinais que desenvolve produtos naturais para a pele. “A nossa venda aumentou durante a pandemia”, constata. “Acho que as pessoas passaram a se preocupar mais com a saúde e estão preferindo produtos com menos risco, que tragam, além da beleza, saúde”.

Paula começou a desenvolver produtos naturais para seu próprio consumo, ao ver a necessidade de manter uma relação mais harmoniosa com a natureza: “A pele necessita de outro olhar, um outro cuidado”, defende. Foi então que surgiu a PANU, marca que leva as sílabas iniciais de seu nome e é voltada à criação de produtos mais saudáveis. 

Com a base da sua formação acadêmica, ela cria esses produtos. Os cosméticos produzidos pela farmacêutica são chamados de fitocosméticos, que são derivados de plantas medicinais e levam em sua composição extratos, óleos essenciais e derivados de plantas que têm função terapêutica. “Para mim, beleza é algo holístico e integral, que contempla todo o ser. Além disso, os cosméticos têm auto-eficiência, porque são feitos a partir de base científica, mas também tem toda uma ligação afetiva, do corpo humano com a natureza”, finaliza.

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Joseph Oliveira

Graduando em jornalismo na Universidade Federal do Piauí.

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