A arte foi o que segurou as pontas de muita gente quando tivemos que ficar dentro de caso para impedir a circulação da Covid-19 – é o que pensa Martha Carvalho, contadora que compareceu a todas as 17 edições do Salipi – Salão do Livro do Piauí. Desde 2003, o evento é realizado anualmente, mas em 2020, foi suspenso devido à pandemia. Neste ano, o evento retorna, em formato híbrido, a partir desta segunda-feira (13) no Espaço Rosa dos Ventos, na UFPI, e segue até o domingo (19).
Após um ano difícil, a mensagem que o maior evento de literatura do estado busca na sua 18° e 19° edição é “celebrar a vida e a arte”, como destaca Laís Romero, uma das organizadoras do evento. “Onde houver trevas, que eu leve livros” é o tema da edição que contempla dois anos em um – 2020 e 2021 – por isso, dois escritores piauienses serão homenageados: Graça Vilhena e Climério Ferreira.
Pensar nesse novo encontro é uma forma de conectar as pessoas através da arte e, no Piauí, o Salipi realiza essa função através da literatura há quase 20 anos. Ao passo que a pandemia provocou o fechamento das portas dos teatros, espetáculos e festivais, dentro de casa o livro foi um elemento que se fez presente. Como revela os dados do Painel do Varejo de Livros no Brasil, divulgado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), a procura por exemplares aumentou 39% em 2020 entre os meses de março e setembro – período mais rígido do confinamento.
Para poder acontecer em uma edição mais restrita e segura, o evento presencial contou com inscrições prévias e número de vagas limitado. Porém, outra parte vai acontecer em transmissão ao vivo – para quem quiser acompanhar, em segurança, dentro de casa. Além disso, o bate-papo literário, espaço dedicado aos lançamentos de livros, acontecerá no dia 17 de dezembro e terá a participação de Zeca Baleiro e Salgado Maranhão. O cantor Zeca Baleiro fará um show de curta duração no palco “Marcus Peixoto”.
Abrindo as portas do Seminário Língua Viva, o escritor Thiago E lança e realiza sessão de autógrafos do livro “Os gatos quando os dias passam”. A obra conta, entre texto e imagens – de gatos – um ritmo de narrativas poéticas que passam entre a vida dos animais. Em suas redes sociais, o autor destaca que a partir de hoje, o livro começa a “engatinhar” no mundo. “São quase 20 anos de Salipi. É maravilhoso fazer parte desse evento que muito já me transformou”, disse.
O Salipi retorna para reatar essa conexão e ativar as memórias da cultura literária, que não ficou perdida, mas que agora se prepara para um encontro, como diz Romero. “As pessoas estão aliviadas vendo um retorno da vida caminhando”, pontua a organizadora. “É uma sensação de voltar para casa, um clima de retorno”, complementa.
Laís também relembra que uma das figuras cativas em cada evento era o escritor Assis Brasil. Ele morreu no mês passado, aos 93 anos, vítima de insuficiência respiratória, deixando um legado de mais de 100 livros publicados. “É uma perda irreparável de uma pessoa que contribuiu tanto e sempre prestigiou o nosso evento”, finaliza.
0 comentário