O filme “Serenatas Dançadas – Coleção #1”, que conta a história de cinco senhoras dançarinas com mais de 60 anos, residentes em Teresina, foi selecionado em um festival de dança nacional. A obra foi aprovada pelo programa Panorama Raft, uma ação conjunta realizada por vários festivais internacionais, para financiar artistas na pandemia da Covid-19. A produção piauiense concorreu com outras 273 performances e ficou entre as 10 melhores colocações.
A produtora da obra, Layane Holanda, explica que a ideia surgiu de um projeto da professora de dança e artista do Canteiro Teresina, Soraya Portela. O filme lança um olhar especial para mulheres na terceira idade, que descobriram na dança uma forma de arte.
“Tem um olhar documental para ficcionar essas realidades, para levantar uma série de questões em torno do envelhecer, do ser mulher, do feminino, em torno da condição desses corpos que, durante a pandemia, foram vistos como ‘matáveis’, diante das realidades de saúde pública do Brasil”, comenta. “Tem um impacto muito grande de reflexão”.
O filme traz um olhar especial para a cidade de Teresina. Layane conta que as cenas foram gravadas na casa das mulheres, em uma imersão sobre a intimidade de cada uma e sua essência. A produtora ressalta que, durante as filmagens, todas as personagens já estavam imunizadas com as duas doses da vacina contra a Covid-19.
“Tem senhoras que moram na periferia, tem uma senhora que, por muitos anos, teve um salão de beleza para damas da sociedade, no centro da cidade, e mora numa casa histórica, outra em um bairro histórico da cidade e toca acordeon”, relata. “Mulheres com vidas e cenários fantásticos”.
A estreia está prevista para setembro de 2021, no Rio de Janeiro. Durante a programação do evento, a obra vai ficar disponível para ser assistida gratuitamente. Há expectativa de que o filme seja transmitido em festivais fora do país.
O filme, em colaboração com a cineasta Tássia Araújo, que assina a direção de fotografia do projeto, conta ainda com a participação de Tetê Souza, 70 anos, professora aposentada e dançarina; Raimunda Flor do Campo, 69 anos, sanfoneira e dona de casa, Lara Luz, 70 anos, técnica de enfermagem aposentada que atravessava a cidade para as aulas de dança, além de Vera Lu, 82 anos, cabeleireira e dona de um jardim em uma das casas mais antigas da capital no centro de Teresina.
As personagens dançantes devem ganhar sessão intimistas em seus próprios quintais – alguns deles foram cenários verdadeiros para as gravações. Para a produção, as exibições do filme nas residências para suas estrelas, familiares e convidados é um desdobramento importante do projeto. “É uma forma de retribuir e devolver o trabalho do qual elas participaram e tornar a arte mais próxima da vida”, pontua Holanda.
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