Laura Rodrigues tem 71 anos, é técnica em enfermagem aposentada e dançarina. Em 2021, ela foi uma das atrizes do filme Serenatas Dançadas – Coleção #1, uma obra que conta a história de cinco mulheres dançarinas com mais de 60 anos, todas de Teresina. Elas descobriram na dança uma forma de reinvenção de si. “Aqui estou e ainda posso fazer alguma coisa, mesmo com essa idade”, diz à reportagem.
Entre os dias 31 de agosto e 4 de setembro, Laura esteve presente no Encontro Internacional de Artes, em Salvador (BA), participando de uma residência artística com dançarinas de todo o país. Ela se apresentou com a música “Cajuína”, de Caetano Veloso. “Foi uma experiência gratificante, me senti muito valorizada”, contou.
Layane Holanda, artista e produtora do filme, explica que a ideia surgiu de um projeto da professora de dança Soraya Portela. O filme lança um olhar especial para mulheres na terceira idade, que descobriram na dança uma forma de arte. As senhoras que participam do projeto são alunas da Escola Estadual de Dança do Piauí.
No ano passado, a obra foi aprovada pelo programa Panorama Raft, uma ação conjunta realizada por vários festivais internacionais, para financiar artistas na pandemia da Covid-19.
Leia mais: Obra traz mulheres teresinenses que se redescobriram na dança como artistas durante a velhice
Nesta residência, em Salvador, as dançarinas conheceram mulheres com mais de 60 anos de diferentes regiões do Brasil. Elas passaram uma semana juntas, compartilhando vivências e culturas. “Durante as conversas, percebemos que as questões que atravessam esses corpos se assemelham com as de mulheres de 20, 30 anos”, comenta Layane.
Para a produtora, a residência também pôde explorar novas áreas da dança, que fujam do senso comum das mulheres da terceira idade. Quando essas mulheres são apresentadas à dança, normalmente lhe são oferecidos estilos como o forró, zumba e valsa. “Aqui elas foram convidadas a criar uma dança, a inventar em si uma nova maneira de dançar”, pontua Holanda.
Projetos como o Serenatas Dançadas fazem parte de ações do Canteiro Teresina, que articula ações culturais voltadas para a infância e a velhice. “Todas as nossas ações são para esses públicos, que são quase invisibilizados no setor cultural”, relata Layane.
Segundo os dados do Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC), divulgados em dezembro de 2021 pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, apenas sete municípios piauienses registraram atividades culturais maiores que o esperado. O quantitativo revela que apenas 3,1% do Piauí possui atividade considerável para gerar empregos e dinamicidade no circuito cultural. As cidades são: Teresina, Picos, Floriano, Parnaíba, São Raimundo Nonato, Oeiras e Pedro II.
0 comentário