Na tela, os desafios surgem como quebra-cabeças. Os participantes navegam no oceano de códigos para solucionar problemas nesse mar digital. Eles escrevem a linguagem das máquinas, como uma forma de diálogo – uma troca. O tempo, porém, é um mestre implacável, e cada segundo perdido em uma linha de código é precioso. É nesse cenário, em que a paixão pela programação e a corrida contra relógio se encontram, que alunos do curso de Ciências da Computação da UFPI estão conquistando um lugar de destaque: a Maratona de Programação da Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Graças ao trabalho conjunto entre professores e estudantes, o Piauí conquista, entre outros 726 times, uma das 65 vagas para a final nacional. A equipe “Três caras numa moto” vai representar o estado em Chapecó, SC, nos dias 19 e 21 de outubro.
Uma corrida entre bits velozes
A Maratona de Programação é um evento organizado pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC) composto por duas etapas: a regional e a nacional. A primeira etapa, a regional, ocorreu em 2 de setembro de forma simultânea em diversas cidades por todo o Brasil. Nessa fase, times compostos por três estudantes de Instituições de Ensino Superior (IES) na área de Computação competiram pela oportunidade de avançar para a etapa nacional. As equipes tiveram 5h para resolver o maior número possível de problemas envolvendo linguagens de programação, como C, C++20, Java, Kotlin e Python3. Entre os 726 times participantes distribuídos pelo Brasil, um dos times da UFPI se destacou e conquistou uma das 65 vagas para a final. Agora, eles estão se preparando para a fase nacional da maratona, que ocorrerá em Chapecó, SC, nos dias 19 e 21 de outubro.
Carlos Eduardo Santana, mais conhecido como Dadinho, é um dos competidores que integrou o time finalista da UFPI no ano passado e volta a integrar a equipe finalista este ano, batizada “Três caras numa moto”. O nome da equipe, segundo Dadinho, é uma forma de mostrar o perigo que as demais equipes vão enfrentar: “Se 2 caras numa moto fazem medo, imagine 3”, comenta com ironia.
A competição é uma porta de entrada para que os alunos estabeleçam contatos e tenham visibilidade junto a grandes empresas de tecnologia ao redor do mundo. Algumas companhias participam da maratona em busca de talentos para estágios e outras oportunidades, promovendo processos seletivos exclusivos para os alunos que competem. A partir da experiência, Dadinho conseguiu expandir as oportunidades de trabalho. Hoje, após estagiar no Facebook, ele trabalha em uma multinacional brasileira. O estudante destaca que muito do que aprendeu foi devido ao incentivo dos demais alunos na competição. Como uma forma de valorizar essa ajuda, além de seguir competindo, ele apoia os novatos. “Nada mais justo do que eu treinar os alunos da UFPI com o intuito de criar essa cultura entre os alunos, de participar da competição”, ressalta o veterano.
Para preservar esse legado de solidariedade entre os alunos, Dadinho ministrou um curso voluntário com foco na competição, preparando os estudantes das Instituições de Ensino Superior (IES) do Piauí para a Maratona. Segundo o finalista, essa é uma maneira de incentivar os alunos a levar o estado ao pódio. “Nos treinamentos, tivemos encontros semanais desde abril, falando desde assuntos mais básicos até assuntos mais avançados da competição”, explica.
Uma das formas de crescer é absorvendo o conhecimento das demais equipes adversárias e construir um ambiente de aprendizado. Dadinho menciona que alunos convidados da Unicamp, UFPE, UFV e UFRN ministraram aulas nesse treinamento e contribuíram para o aprendizado dos estudantes piauienses na programação. “Trouxe alunos de outras universidades que tiveram ótimos resultados na competição para ministrar alguns assuntos e falar das experiências deles. Então os alunos puderam treinar tanto comigo, como com os outros de outras universidades”, comenta.
Os professores, com seu conhecimento e orientação especializada, têm desempenhado um papel crucial no treinamento e na preparação dos alunos para essas competições desafiadoras. Além de compartilharem conhecimento, eles também motivam e inspiram os estudantes a alcançarem seu potencial máximo. A professora Rosianni Cruz, subcoordenadora do curso de Ciências da Computação da UFPI, é uma das entusiastas da maratona. Além de atuar como treinadora dos times e motivar os alunos a participarem, ela ministra disciplinas optativas para os estudantes com ênfase no conteúdo da Maratona de Programação. Rosianni conta que a UFPI tem uma história de participação na Maratona de Programação desde 2008, quando Teresina sediou a primeira fase do evento. Para a fase nacional deste ano, apesar do desafio, a professora destaca que a equipe da UFPI solucionou mais problemas do que a maioria dos outros times, demonstrando a qualidade da preparação da equipe. “Com um total de 726 times competindo, conquistamos a 30ª posição na classificação geral. Além disso, apenas 11 instituições levaram times que solucionaram mais problemas que o nosso: 3 da região nordeste e 8 de outras regiões do país”, diz.
Rosianni fala que a universidade tem planos de fortalecer ainda mais suas equipes e incentivar a participação de mais times da região nas próximas edições da competição. Para este ano, a expectativa é levar o Piauí ao México na final lationamericana. “Esperamos conquistar uma medalha na final brasileira e/ou garantir nossa vaga na final latinoamericana, que acontecerá em Guadalajara, México, em março de 2024. Para as próximas edições, desejamos fortalecer ainda mais os times da UFPI e incentivar a participação de mais equipes da nossa região na Maratona de Programação”, relata.
O resultado desse trabalho conjunto tem sido a ascensão de jovens piauienses na área da computação e no cenário das maratonas de programação ao nível nacional e internacional. Esse progresso é um testemunho do compromisso dos estudantes com a excelência acadêmica e da colaboração frutífera entre professores e alunos na busca pela excelência.
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